• Matéria: História
  • Autor: Julianogarcia72
  • Perguntado 7 anos atrás

Analise o breve fragmento abaixo, extraído do artigo “Ordem, Integração e Fronteiras no Império Romano, um ensaio”, de Guarinello.

A narrativa histórica sobre o Império Romano sempre apresentou problemas para a historiografia. Por muitos anos, houve a forte tendência de focalizar a narrativa, e a explicação dos fatos e das realidades do Império, a partir de seu centro inicial: a cidade de Roma. Disso resultaram dois procedimentos paralelos, que hoje não mais se sustentam. O primeiro, cuja origem remonta a Mommsen, de observar a história do Império pelo ângulo constitucional, como se o Império Romano representasse apenas um rearranjo das formas de poder típicas da cidade-estado Roma. O segundo, que seguia de perto a própria historiografia da Antiguidade, constituía-se em narrar a história do Império através de seus imperadores, como uma sequência de biografias e governos, muitas vezes centrada, excessivamente, na personalidade individual de sucessivos governantes. Quanto às regiões ‘conquistadas’, estas permaneciam à margem da história efetiva, como meros sujeitos/súditos cuja única opção era integrar-se ao império, fosse adotando os hábitos de uma civilização superior, ou seja, romanizando-se (como em Havelock), seja integrando-se pela via do comércio à dinâmica da burguesia italiana (como em Rostovtzeff).

Como esse fragmento pode ser interpretado? Utilize trechos do fragmento para justificar sua interpretação.

Respostas

respondido por: EduardoPLopes
7

O fragmento pode ser interpretado como um debate sobre a metodologia em história, tendo por objeto não exatamente fatos históricos ou o passado "em si", mas o modo como o passado foi apresentado por diferentes correntes da historiografia.

Exemplos disto presentes no trecho são a apresentação sumária de posições diferentes adotadas por autores, sendo citados Mommsen, Havelock e Rostovtzeff, sendo a posição efetiva de cada um destes autores caracterizada por uma interpretação diferente de qual seria o "Objetivo" da historiografia.

respondido por: meupaudechinelo
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Resposta:

Norberto Guarinello, Professor de História Antiga da Universidade de São Paulo (USP), tem como objetivo, neste ensaio, um duplo exercício de revisionismo histórico, uma desconstrução e uma releitura da historiografia que produziu a história do Império Romano.

O ensaio reflete uma crítica, Guarinello propõe neste ensaio uma discussão às tendências mais recentes nas formas de se pensar e interpretar o Império Romano e sua formação, busca também propor aos estudiosos da área uma ótica mais atualizada na forma de compreender o que foi o Império Romano.

“A narrativa histórica sobre o Império Romano sempre apresentou problemas para a historiografia, por muitos anos, houve a forte tendência de focalizar a narrativa e a explicação dos fatos e as realidades do Império, a partir de seu centro inicial: a cidade de Roma”.

Explicação:

A reflexão do Professor Guarinello se situa na leitura eurocentrista e interessada por parte dos historiadores da época, no caso de Mommsen, por exemplo, que observa a história do Império Romano a partir do ângulo constitucional, passando a ideia de que o Império Romano representasse um rearranjo das formas de poder típicos do período. Esta leitura crítica carrega em seu arcabouço o objetivo de desconstruir as definições tradicionais a muito traçadas na antiguidade.

O Professor Guarinello nos traz em seu ensaio uma análise bastante crítica a esta leitura tradicional da História Antiga e às abordagens de Mommsen para a formação e o desenvolvimento do Império Romano ao pautar o assunto pela perspectiva eurocêntrica, consolidada nas ideias de desenvolvimento das civilizações do entorno do Mediterrâneo a partir das progressivas conquistas da cidade-estado Roma, esta é sua primeira análise do ensaio duplo que visa discutir novas tendências de pensamentos no que se refere a interpretação do Império Romano e seu domínio secular do Mare Nostrum.

Esta releitura ganha força, principalmente, a partir do século XIX com a consolidação da cientificidade da disciplina, a História, passa a ter um novo e importante enfoque na produção das memórias e das identidades sociais, e é partindo deste princípio que o Professor Guarinelo irá analisar criticamente o tradicionalismo da História Antiga e a perspectiva eurocêntrica que se consolidou ao longo do tempo das civilizações e seus desenvolvimentos.

Afirmando em sua obra que existe consenso entre os historiadores da atualidade no que diz respeito a História Antiga, do Oriente Próximo, da Grécia e Roma, ser genuinamente uma leitura europeia.

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