Hiroaki Watanabe, gestor geral japonês da primeira grande fábrica da Toyota em Valenciennes, na França (e na Europa continental), enfrenta um grande risco. Ele é responsável por uma moderna e eficiente fábrica de US$ 570 milhões da Toyota Motor, destinada a fabricar o Yaris, um automóvel subcompacto.
A fábrica foi projetada para empregar dois mil trabalhadores. Atualmente, conta com cerca de 200 gestores e 150 trainees, todos estes japoneses, no quadro funcional. Os demais funcionários são, na maioria, franceses. Em termos culturais, há muitas áreas potenciais de conflito entre os costumes japoneses e franceses. Por exemplo, na fábrica, os trabalhadores participam de uma atividade física de aquecimento todas as manhãs às oito horas, para evitar começar o trabalho estando “frios” e, assim, mais propensos a lesões. Essa é uma prática japonesa comum, mas não muito frequente na França. Além disso, a fábrica não serve vinho no almoço, prática comum em outras organizações francesas. Assim como é comum em outras firmas japonesas, os trabalhadores recebem jaquetas de frio azul e cinza com a palavra “Toyota” bordada nas costas e o nome do funcionário na frente.
Para ajudar a diminuir essas e outras potenciais diferenças culturais, o líder do empreendimento precisa entender os possíveis choques culturais que elas podem provocar. Como o Sr. Watanabe se preparou para essa missão altamente desafiadora? Embora fluente em inglês, decidiu aprender francês e o máximo possível a respeito da cultura francesa. Afinal, a maioria dos trabalhadores da fábrica era da região Norte da França. A fim de se preparar, viajou para a França como turista e visitou a fábrica da Toyota no Canadá. Ele realizou as entrevistas em francês, com a ajuda de intérprete, para melhorar a fluência no idioma. Será que seus esforços seriam compensados?
A Toyota tinha grandes expectativas em relação à primeira grande empreitada na Europa continental. Sua meta era aumentar a participação de mercado, que era de 3,7% em 2001, menos da metade da participação nos Estados Unidos no mesmo ano. Em 2004, a empresa superou essa meta, atingindo participação de 5,3% no mercado europeu, superior à participação da Mercedes e da Audi juntas. Os funcionários franceses da fábrica da Toyota têm grande interesse quando levam em conta que a área de Valenciennes, antiga região mineradora de carvão e ferro, sofre com o alto índice de desemprego, devido ao fechamento de muitas companhias da indústria pesada nos últimos 20 anos. Para ressaltar a importância da Toyota nessa região, mais de 30 mil trabalhadores se candidataram para preencher duas mil vagas na fábrica, quando ela começou a funcionar.
A partir dessas informações, responda:
1) Quais possíveis conflitos poderiam surgir entre os gestores e trainees japoneses e os funcionários franceses? Explique.
2) Qual é a sua opinião sobre a metodologia adotada pelo Sr. Watanabe para se preparar e aprender a cultura francesa? Em sua visão, essa abordagem seria útil para os gestores norte-americanos? Por quê?
3) Que tipo de cultura organizacional o Sr. Watanabe desejava estabelecer na fábrica em Valenciennes, na França? Em sua opinião, ele tentou dirigir a fábrica exatamente como uma fábrica da Toyota em Tóquio? Por quê?
4) Quais seriam as consequências para os trabalhadores franceses se a situação piorasse e a fábrica, consequentemente, tivesse de fechar as portas? Explique.
Respostas
1) Existem diversas áreas potenciais de conflitos entre os costumes japoneses e franceses. Um exemplo é a prática de fazer uma atividade física de aquecimento, que é comum para os japoneses e não para os franceses.
2) É uma ótima metodologia, visto que colabora na diminuição de possíveis choques culturais que possam influenciar a produção.
3) É a organizacional. Sim, ele tentou adaptar os funcionários a uma metodologia que deu certo no Japão.
4) Devido ao alto índice de desemprego na região, é provável que ocorresse a migração para outros países a procura de ofertas de emprego.
Bons estudos!
Resposta:
PADRÃO DE RESPOSTA ESPERADO
1) O conflito que poderia surgir seria decorrente de diferença de gerações, pois os trainees iriam querer reformular todo o processo de gestão da Toyota na França.
2) A metodologia do Sr. Watanabe é bastante válida, necessitando de constante atualização. Ela seria aplicável aos norte-americanos desde que também conhecessem a cultura local para que pudessem incorporá-la à Toyota.
Explicação:
3) A cultura almejada pelo Sr. Watanabe seria o mesmo que a mesclagem da cultura de Valenciennes e Japão, de maneira que ambos os lados não ficassem prejudicados de nenhuma forma; a primeira estratégia encontrada por ele foi a integração através do idioma.
4) As consequências do fechamento da fábrica seriam desemprego e falta de oportunidades de trabalho, uma vez que houve procura de 30 mil pessoas para ocuparem duas mil vagas na fábrica da Toyota quando a mesma começou a funcionar.