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Colômbia não viveu uma ditadura militar tão repressiva como a nossa, por isso a população de lá não tem uma visão tão negativa do Exército, como acontece por aqui", explica a professora da USP Gabriela Pellegrino, que ministra aulas de América Independente. Ao contrário do Brasil, que passou 21 anos sob regime militar, a Colômbia ficou apenas quatro anos em governo semelhante, entre 1953 e 1957. Posteriormente, as duas principais forças políticas da época -- liberais e conservadores -- elaboraram um acordo para que se alternassem no poder, que ficou conhecido como Frente Nacional. No entanto, o filósofo Jorge Gantiva Silva, professor da Universidade Nacional da Colômbia, indica que as Forças Armadas "ocupam um lugar destacado" na sociedade do país devido ao seu "amplo desenvolvimento tecnológico e logístico sem precedentes". "Evidentemente, essa situação está acompanhada de uma sistemática violação dos direitos humanos e de um permanente controle da população mediante diversas táticas e campanhas", lamenta Gantiva Silva. Os assassinatos de inúmeras pessoas realizados por soldados foi um dos principais temas da campanha, os chamados "falsos positivos". Até mesmo representantes da Organização das Nações Unidas (ONU) apontaram "graves problemas" na política de segurança do país. "Desta maneira, as Forças Militares têm a particularidade de se deslocarem pelas ruas como se fossem superiores aos demais", aponta o filósofo da Universidade Nacional da Colômbia. Apesar de tudo, até mesmo o adversário de Santos no segundo turno do pleito, o opositor Antanas Mockus, garantiu a continuidade dessa política de Uribe, que ostenta uma popularidade superior a 70%. Ainda assim, Mockus, que era colocado em empate técnico com Santos pelas pesquisas de intenção de voto antes do primeiro turno, decepcionou e ficou com apenas 21,4% das preferências contra 46,5% do governista. Para Gantiva Silva, "o precário tecido social" de sua força política, o Partido Verde, foi um dos obstáculos da candidatura. Já a professora da USP destaca o histórico "conservadorismo" da população colombiana e a diminuição da violência durante o atual governo. De acordo com levantamentos sobre o pleito de domingo, Santos, que foi um dos principais responsáveis pela luta contra as guerrilhas quando era ministro da Defesa de Uribe, cargo que deixou para disputar a eleição, deve chegar à presidência com mais de 65% dos votos.