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Nicolau Maquiavel (1469-1527) inaugura uma nova era do pensamento político. Com ele, a política tende a se afastar do pensamento especulativo ético e religioso para ganhar uma certa autonomia.
Por isso os manuais de filosofia classificam seu pensamento como "realismo político", o que significa desvincular a política da ética, da teoria e do sagrado e tratá-la como objeto próprio.
Um exemplo clássico deste realismo político está no capítulo XV de sua principal obra, O Príncipe (escrito em 1513 e publicado em 1531, após a morte do autor). Neste capítulo, Maquiavel diz buscar a verdade efetiva das coisas, sem se perder na busca de como as coisas deveriam ser. Diz ele:
- quem, num mundo cheio de perversos, pretende seguir em tudo os ditames da bondade, caminha inevitavelmente para a própria perdição.
Implica-se, assim, que quando há necessidade para remédios extremos contra males extremos, o político deve sim adotar tais remédios. Tal tipo de observação vincula-se a uma visão pessimista do homem. O político não deve confiar no aspecto positivo do homem, mas sim constatar o seu aspecto negativo e agir em consequência disto, não hesitando ser temido.
Devido a este pensamento que Francisco Guicarddini (1482-1540) resumiu a doutrina de seu contemporâneo na fórmula mais conhecida até hoje, escrita pelo poeta romano Ovídio:
- os fins justificam os meios
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