01 de Outubro de 2012
Um médico americano foi notícia recentemente ao propor que todas as crianças com problemas de comportamento e baixo rendimento escolar tomassem remédios indicados para o tratamento do Transtorno do Déficit de Atenção com ou sem Hiperatividade (TDAH), mesmo que sem terem sido diagnosticadas com o transtorno. Por mais absurda que a teoria seja, já está se formando uma corrente de profissionais que acreditam nela e o tema tem ganho espaço dentro e fora dos Estados Unidos.
Quem apoia a medida argumenta que o esforço e o investimento na Educação das crianças são ineficientes, muito trabalhosos ou excessivamente custosos. A saída mais prática e rápida, então, é usar medicamentos que, alterando a atividade neuroquímica dos estudantes, controlem suas atitudes e domem seus impulsos.
Por trás dessa atitude descabida está a discussão sobre o que são problemas de comportamento - que podem e devem ser debatidos dentro da escola - e o que são questões médicas, que demandam acompanhamento profissional e, em alguns casos, o uso de medicamentos.
Nem toda criança agitada ou que não se concentra em classe é hiperativa ou tem déficit de atenção. Muito pelo contrário. Na maioria dos casos, trata-se de características comuns a essa etapa da vida. O entusiasmo, a vontade de se fazer presente no mundo, a energia que precisa ser aplicada em experimentações e brincadeiras fazem parte da aquisição de conhecimento. É papel dos pais e das instituições de ensino prover as crianças de momentos apropriados para correr, gritar, conversar, fazer bagunça. Elas precisam de situações nas quais descansem a mente e cansem o corpo para que, quando chegar a hora de ter concentração para aprender, isso não seja maçante e sofrível.
Quando se nota que grande parte de uma turma está inquieta, improdutiva ou indisciplinada, mais do que ir atrás de remédios, é hora de repensar a maneira como as aulas estão sendo organizadas. Uma sugestão para entender as dificuldades e necessidades dos alunos é abrir um espaço de diálogo. Com isso, sugestões interessantes sobre a disposição do horário das atividades, os assuntos de interesse da maioria da classe e as maneiras de abordá-los podem ser colocadas em debate. A abertura faz com que as crianças entendam que têm voz e que são diretamente responsáveis pelo seu processo de aprendizagem.
É importante, também, que a escola propicie reuniões entre os docentes e com especialistas em psicopedagogia para esclarecer as dúvidas dos professores em relação à indisciplina. Atitudes como essa ajudam a fortalecer a relação aluno-professor por meio da aproximação e do respeito.
Isso não quer dizer, é claro, que não existam crianças que precisem de apoio médico. Com uma análise cuidadosa da turma - aliada a conversas com as famílias -, é possível identificar quem tem mais dificuldade de concentração e avaliar se é uma questão de disciplina ou se pode ser algo a mais. Geralmente, as crianças que apresentam TDAH não são hiperativas apenas durante as aulas, mas em outros ambientes e durante o sono. O estímulo do cérebro nunca para. Assim, ela dorme mal, tem pesadelos, cai da cama. Se houver a desconfiança, é hora de procurar ajuda profissional.
Os riscos de medicar indiscriminadamente as crianças
Não se pode, em hipótese alguma, dar remédio a alguém sem um diagnóstico claro. O TDAH só pode ser atestado por um médico, após avaliar a criança e conversar com professores e familiares. A análise deve ser criteriosa. Não devemos acreditar em um profissional que faz um check-list do aluno em poucos minutos e já sai com uma receita de remédio tarja preta. É preciso que psiquiatras, pediatras, professores e pais enxerguem que a saúde dos estudantes está nas mãos deles.
Medicar as crianças indiscriminadamente, como está sendo proposto nos Estados Unidos, é uma irresponsabilidade. Um remédio errado, tomado por um período extenso, pode afetar física e mentalmente os pacientes. No caso do medicamento para TDAH, que é um neuroestimulante, é possível que a pessoa tenha alternações no desenvolvimento da concentração, do foco e da disciplina. O resultado pode ser uma dependência, não química, mas social de remédios para que o indivíduo se mantenha controlado e comportado.
Vale lembrar ainda que a escola não trabalha com laudos, mas com alunos. Não é aceitável se basear em um laudo médico para ensinar mais ou menos a uma criança. Todos têm direito à Educação e quem precisa da ajuda de um medicamento não pode ser taxado como "aquele garoto ou garota que toma remédios e que, portanto, não é capaz de aprender".
Leia o texto acima e pesquise sobre a temática para desenvolver um posicionamento crítico sobre a questão da medicalização da educação. Participe do fórum, apresentando as pesquisas e posicionamentos sobre a temática. A atividade vale 0,5, mas só atingirá a nota máxima os alunos que interagirem com seus colegas, discutindo e fazendo sugestões sobre a temática
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A medicalização da educação é um fenômeno que deve ser combatido. Na escola, ao se fazer uso de rótulos como hiperatividade e déficit de atenção imputa-se ao estudante a responsabilidade pelo fracasso. Com isso, coloca-se a responsabilidade no estudante “doente” e tira-se o foco das fraquezas do sistema escolar.
Dessa forma, é preciso que cada profissional saiba seus limites de atuação, para que não haja uma sobreposição, de forma a manter a harmonia e o diagnóstico correto sobre indivíduos que apresentam limitações.
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