• Matéria: Português
  • Autor: rosenidearaujoconcei
  • Perguntado 7 anos atrás

quero ver uma resenha pronta do livro samba no pé

Respostas

respondido por: ludesferreira
3

Resposta:

Depois de minha expedição jornalística Luzes da África por 18 países do continente em 2010, qualquer livro ou revista que mencionem essa parte do mundo chamam a minha atenção. É como se uma luzinha acendesse, avisando que outros escritores ou jornalistas também foram tomados pela paixão africana. Essa sensação foi bem descrita por Laura Carneiro, uma brasileira então radicada em Moçambique que me disse: “A África me pegou pelos cabelos e me chacoalhou; a África não é uma opção, é um chamado”. Adorei tanto a frase que acabei colocando-a em meu livro Luzes da África.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADADE

Agora a luzinha pisca novamente. Acabo de ganhar mais um livro para a coleção: o jornalista e roteirista de documentários Sérgio Túlio Caldas lançou há duas semanas Com os pés na África, pela Editora Moderna (104 páginas, R$ 44). O título é próximo à obra, de Fábio Zanini, Pé na África, publicada em 2009 pela Publifolha.

Os dois livros são bem diferentes. Se Fábio relata suas aventuras como jornalista mochileiro por 13 países do sul, leste e norte do continente, Sérgio Túlio conta as aventuras de um adolescente em dois lugares distintos, quase desconectados entre si, Angola e Marrocos. Para isso, Sérgio Túlio projeta um personagem, o jovem Tulio de 18 anos, bem parecido com o autor, até mesmo em seus cabelos cacheados.

Sérgio Túlio cria uma trama engraçada, bem juvenil. O garoto Tulio ganha um prêmio em um show de televisão e o apresentador imaginário Armando Arlindo o envia para uma viagem em volta ao mundo por um ano. A primeira escala é Angola, país onde o autor Sérgio Túlio chegou a morar em 2010, trabalhando para a televisão pública local.

Bonga é um famoso intérprete de semba (não confundir com samba), estilo musical de Angola (Foto: © Sérgio Túlio Caldas)

Bonga é um famoso intérprete de semba (não confundir com samba), estilo musical de Angola (Foto: © Sérgio Túlio Caldas)

“O público do livro é mesmo o juvenil”, afirma Sérgio Túlio. “Usei um monte de recursos para chamar a atenção da galera: quadrinhos, ilustrações, fotos, mensagens de celular, diálogos pelo Skype e links para sites no YouTube.” Um dos links expõe a música do angolano Bonga, antigo recordista de 400 metros, que se dedicou à música e tem hoje 31 discos gravados.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADADE

Os jovens leitores mais descolados são convidados a usar um aplicativo de leitura de Código QR (aquele quadradinho repleto de pontos pretos e brancos) para sair das páginas do livro e entrar em sites ou vídeos. As ilustrações são da catarinense Fefê Torquato.

“Tomei extremo cuidado com a produção dos códigos QR e de seus links”, diz o autor. “Os QR sobre a dança kuduro de Angola levam o leitor a um tutorial que ensina a dançar.”

O livro possui dezenas de ilustrações que contam a história do país e do personagem Tulio (Foto: Ilustração por Fefê Torquato/Moderna)

O livro possui dezenas de ilustrações que contam a história do país e do personagem Tulio (Foto: Ilustração por Fefê Torquato/Moderna)

“Como existe uma grande desinformação sobre a África, acho importante contribuir com novos conhecimentos para os mais jovens. A ideia é romper os preconceitos sobre o continente”, diz o autor. Agora que as vendas de livros para o governo federal diminuíram bastante, o anseio de Sérgio Túlio e da editora é que o livro seja escolhido pelos professores como material paradidático.

Tulio passa por algumas aventuras em Luanda quando fotografa sem autorização um prédio público (Foto: Ilustração por Fefê Torquato/Moderna)

Tulio passa por algumas aventuras em Luanda quando fotografa sem autorização um prédio público (Foto: Ilustração por Fefê Torquato/Moderna)

“Mas o livro não é só para jovens, adultos também vão gostar”, diz Sérgio Túlio. O autor e seu alter ego entrevistam um famoso escritor angolano, Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos, mais conhecido pelo pseudônimo Pepetela. O intelectual lembra os tempos quando estudou em Portugal, cursou sociologia na Argélia, ingressou no Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e empunhou armas entrando ilegalmente em Angola para liberar o país. “Lutei até a independência, 11 de novembro de 1975”, afirma Pepetela, ganhador do Prêmio Camões em 1997.

O ex-guerrilheiro e escritor angolano Pepetela recebe o jornalista Sérgio Túlio Caldas em sua casa em Luanda (Foto: © Sérgio Túlio Caldas)

O ex-guerrilheiro e escritor angolano Pepetela recebe o jornalista Sérgio Túlio Caldas em sua casa em Luanda (Foto: © Sérgio Túlio Caldas)

O encontro de Pepetela com Tulio e seu amigo Martinho na ilustração do livro (Foto: Ilustração por Fefê Torquato/Moderna)

O encontro de Pepetela com Tulio e seu amigo Martinho na ilustração do livro (Foto: Ilustração por Fefê Torquato/Moderna)

O livro está dividido em duas partes. A segunda metade narra as aventuras de Sérgio Túlio – e de Tulio – no norte da África. No meio da história, o apresentador Armando Arlindo manda um SMS avisando “é hora de dar tchau para Angola, você tem viagem marcada

Perguntas similares