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Consumo de bebida alcoólica aumenta cada vez mais entre população jovem
Foto: Image Source/Corbis O consumo de bebida alcoólica não é exclusivo aos adultos. Atualmente, os jovens têm começado a beber cada vez mais cedo e em grandes quantidades. A má notícia é que parte deles se tornará alcoólatra na vida adulta, como explica a psicóloga e especialista em Saúde Coletiva do Hospital Federal Cardoso Fontes (HFCF), vinculado ao Ministério da Saúde, Helen de Abreu Oliveira. “Quanto mais cedo se dá o consumo do álcool, maior o risco de desenvolver dependência, pois, com o uso constante de qualquer substância psicoativa, o organismo cria maior tolerância e torna-se necessário aumentar as doses para a obtenção da mesma sensação, estimulando, assim, um padrão cada vez maior do consumo”, aponta.
Segundo a pesquisa Vigitel 2011 do Ministério da Saúde, a faixa etária com maior incidência de consumo abusivo de bebida está entre os 18 e 34 anos. De acordo com a pequisa, cerca de 20% das pessoas nessa fase da vida responderam que consumiram, nos últimos 30 dias, quatro ou mais doses de bebida, no caso das mulheres, e cinco ou mais doses, para os homens.
A psicóloga lembra que, há alguns anos, eram os meninos que começavam a beber mais cedo e com mais frequência, “uma vez que o uso de álcool é, muitas vezes, relacionado à virilidade e a padrões socialmente determinados como masculinos”. Hoje, essa diferenciação não é mais válida, embora as meninas continuem “mais fracas” para a bebida do que os meninos. “De uma forma geral, o álcool é absorvido em maior quantidade nas mulheres devido a fatores como peso e distribuição da massa corporal. É essa absorção que faz com que as meninas sejam menos tolerantes ao álcool”, esclarece Helen.
Uma droga socialmente aceita – Embora a venda de bebida alcoólica não seja permitida para menores de 18 anos, muitos jovens conseguem burlar a lei e comprar bebiba no comércio sem qualquer problema. Outro fator que impulsiona esse tipo de consumo é a aceitação da sociedade, já que quando os assuntos “drogas” e “dependência” são trazidos para discussão, muitos negligenciam os males que o álcool pode causar.
“O consumo de álcool faz parte da nossa cultura, ele é associado a comemorações e a momentos como Natal, Réveillon e a datas comemorativas em geral. Isso faz com que o consumo seja naturalizado pela maior parte das pessoas e que o adolescente só perceba seus efeitos benéficos. No entanto, as consequências desse consumo são as que mais impactam na saúde individual e pública não só de adolescentes, mas também de adultos e idosos”, realça a profissional.
Para Helen, atualmente vivemos na sociedade do espetáculo e as pessoas sentem necessidade de se mostrarem felizes, saudáveis, bem sucedidas e cercadas de amigos. Com os adolescentes não é diferente. Nesta fase da vida, um importante rito de passagem para a vida adulta, a sensação de pertencer a um grupo social é muito importante para os jovens. Desse modo, o poder de influência das amizades é grande.
“A aceitação social faz parte de um dos pilares fundamentais dessa fase da vida. Assim, o uso do álcool pode ajudá-los a participar desse espetáculo, uma vez que a desinibição e a sociabilidade são efeitos iniciais dessa substância. Para a nova geração, ser mais introspectivo e familiar não são comportamentos valorizados e o álcool ajuda os adolescentes a maquiarem essa característica de suas personalidades, se necessário, para serem aceitos”.
Como os pais podem ajudar – A psicóloga e especialista em Saúde Coletiva cita pesquisas recentes na área, que mostram que famílias muito distantes e que não se envolvem em atividades conjuntas com os filhos podem contribuir para o consumo de álcool na adolescência. “Para muitos adolescentes, o uso do álcool funciona também como uma prova de maturidade e um ritual de passagem para a idade adulta, o que ajuda a perceber a bebida como algo positivo e estimulante, podendo levá-los à dependência. O mais importante nesse contexto é o estabelecimento de uma relação de confiança e afeto entre pais e filhos, com comunicação aberta e efetiva, evitando uma abordagem excessivamente moralista sobre esse tema. Os pais devem expressar normas reguladoras a respeito do álcool e mostrar, através de modelos, os limites esperados ao beber socialmente”, afirma.
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