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O empresário era um homem ligado ao Império e suas práticas, inclusive a escravidão. “Foi monarquista, membro da Corte e escravista”, afirma Carlos Gabriel Guimarães, professor de história da Universidade Federal Fluminense (UFF) e pesquisador visitante da Universidade de York, na Inglaterra. “Nas suas empresas, foram utilizados trabalhadores livres e escravos.” Por isso mesmo, sempre viveu perto da família real e ganhou os títulos de barão e visconde de Mauá. Mas, quando se tratava da condução da economia nacional, ele era um crítico severo do que considerava a falta de aposta no setor industrial. “O melhor programa econômico de governo é não atrapalhar aqueles que produzem, investem, poupam, empregam, trabalham e consomem”, escreveu.
Foi exatamente o contrário do que aconteceu em 1860, quando o Império decidiu permitir a compra de navios estrangeiros sem taxas, provocando a crise, e posterior falência, da indústria Pontal de Areia. A mudança na legislação incluía incentivos à importação de materiais para a agricultura, num claro apoio a um setor mais tradicional da economia. Na mesma época, com ajuda de investidores ingleses, Dom Pedro II decidiu criar uma estrada de ferro paralela à inaugurada por Mauá e com fretes mais baratos. A mudança de poder no Uruguai, onde o empresário tinha uma base financeira importante, selaria seu destino.
O Banco Mauá quebrou em 1875, resultado da crise bancária iniciada no país em 1864 – e também da proibição que o Banco do Brasil recebeu de fazer empréstimos ao empresário que havia tomado a iniciativa de reabrir a instituição. Para pagar suas dívidas, Irineu vendeu tudo o que tinha, incluindo bens pessoais.
Morreu em Petrópolis, a 21 de outubro de 1889, a menos de um mês antes da proclamação da República e do fim da monarquia. Havia se transformado num corretor de café modesto, acometido de reumatismo e diabetes, ainda que cercado pelos netos de seus 18 filhos, resultado de 48 anos de casamento com a sobrinha Maria Joaquina, filha de sua irmã Guilhermina.
Mauá não chegou a ver o país com o qual sonhou, mas fez parte de todas as transformações que, de alguma maneira, mudaram o Brasil: em apenas meio século, surgiram trens, navios a vapor de fabricação própria, siderúrgicas, casas bancárias, bondes e telégrafos submarinos. Sem o visconde, certamente o país chegaria muito mais atrasado ao século 20.
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