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CULTURA E IDENTIDADE CULTURAL BRASILEIRA
Falar sobre a identidade cultural brasileira implica analisar uma série de fatores históricos, políticos, econômicos, sociais e culturais que contribuíram de forma expressiva para os traços da personalidade do povo brasileiro. A identidade cultural brasileira tem o seu caráter marcado pela heterogeneidade e a multiplicidade demarcando o espaço dos diversos povos que constituíram e constituem essa nação.
A gênese cultural brasileira se encontra no período colonial, sendo os portugueses o povo mais influente em sua formação devido à transplantação cultural da metrópole para o seu reino além mar, na qual, passaram a difundir seus traços, como a sua língua, religião, hábitos e valores. A cultura africana também contribuiu de forma significante para a formação do povo brasileiro, trazida pelos seus nativos no período da escravidão. Assim como a brasileira, a cultura africana apresenta em seu perfil uma grande diversidade cultural fator que colaborou para uma maior multiplicidade da nação brasileira, pois os escravos eram de etnias distintas, falavam idiomas diferentes e tinham diversas tradições. Os negros transmitiram para a cultura brasileira uma variedade de elementos: dança, música, religião, cozinha, técnicas de trabalho, idioma, etc.
O tema da cultura e identidade nacional nos últimos anos vem sendo discutido com bastante ênfase, sofrendo constantes atualizações, elaborando conceitos e visões diferentes a partir de quem o observa e, a discussão dessa temática não se restringe à classe de intelectuais, as pessoas comuns também tem a sua voz ativa na busca das raízes culturais e no pensamento da sociedade brasileira sobre si mesma. (OLIVEN, 2011)
A questão da identidade está relacionada à construção de uma nação, que se forma alicerçada em uma cultura que lhe dá suporte, e essa cultura depende de intelectuais que ajudam na sua formulação. De acordo com OLIVEN (2011), “essa cultura, em geral está voltada para um passado comum, que seria único e contínuo, e a um povo que seria único e contínuo, e a um povo que seria seu portador e, por conseguinte, a base da nação”.
É importante ressaltar que a história da nação brasileira não se inicia junto à história propriamente dita do país. Considerando o processo de formação da nação em outros grandes países, o Brasil ainda é uma nação jovem, preste a completar seus 200 anos, fundamentada no ideal de um país constituído por cidadãos com direitos iguais e no qual a sociedade civil, o Estado e a Igreja são instituições separadas.
Nos países latinos americanos, a modernidade é um fator que exerce uma ampla influência em suas nações, podendo ser aceita ou encarada com rigidez tanto pelas classes dominantes quanto pelos populares. A implantação desse fenômeno provoca uma interferência no pensamento intelectual, uma vez que os ideais modernos encontram um novo âmbito para serem difundidos. Os valores culturais brasileiros são constantemente afetados pela modernidade chegando ao ponto das classes dominantes negarem a sua própria cultura incorporando ao seu cotidiano uma outra cultura, que em geral se destacam a européia e a norte americana. Em contrapartida existem aspectos culturais que independentes das circunstâncias são valorizados, tornando-se os principais símbolos da nação como o carnaval, o samba, o futebol, etc. (OLIVEN, 2011)
No ano do centenário da independência brasileira em 1922, acontecera na cidade de São Paulo um evento que foi de fundamental importância para a disseminação do ideal cultural brasileiro e que simbolizou a modernidade brasileira – a Semana de Arte Moderna. Foi o espaço encontrado para a difusão dos novos princípios intelectuais que visavam combater os princípios da elite social que reproduziam o estilo de vida europeu no Brasil. O propósito da Semana era inovar o âmbito artístico e cultural, buscando a valorização das raízes nacionais, valorizando o que haveria de autêntico no Brasil. (ANDRADE, c1988).
Nesse contexto, Andrade (c1988) destaca a síntese de Mário de Andrade em relação ao movimento modernista como,
[…] o Modernismo, no Brasil, foi uma ruptura, foi um abandono de princípios e técnicas consequentes, foi uma revolução contra o que era a inteligência nacional.