Segundo Herwitz:
A disciplina da estética filosófica surge no século XVIII. Porém, note-se bem, essa não é a primeira vez em que os filósofos escreveram sobre arte e beleza. Platão escreveu extensivamente – e de modo negativo – sobre os poetas de seu tempo e teria-os banido de sua república ideal, pois ele acreditava que a poesia é uma forma de sedução, uma manifestação da linguagem que solta anéis de fumaça diante da mente, em vez de argumentar ou provar, insinuando sua influência sobre as paixões no calor da performance (a poesia era recitada, em vez de lida), gerando o culto, em vez da civilidade racional (HERWITZ, 2010, p.18).
É importante destacar que a estética pode ser compreendida como um ramo da filosofia, assim como a ética. Considerando a citação apresentada e os conteúdos abordados ao longo da disciplina, discorra sobre o que é arte e estética, e como esses dois conceitos se relacionam.
Referências
HERWITZ, D. Estética: conceitos-chave em filosofia. 1 ed. Porto Alegre: Artmed, 2010
Respostas
Resposta:
A arte assume papel de objeto da estética
Explicação:
As ideias de Platão em relação à arte são claramente fruto de um período de extrema paixão pela razão.
Na Grécia antiga, com os filósofos pré-socráticos, se têm início, no ocidente, a busca do ser humano por explicações menos intuitivas do mundo, aquelas encontradas nos mitos, e mais racionais: pautadas em argumentação lógica e comprovação material. Incutido pela forte presença de tal paradigma, Platão passa a repudiar a intuição e amar a razão, algo que o levou, consequentemente, a dedicar sua filosofia a combater a primeira e exaltar a segunda.
Nietzsche em sua obra "O nascimento da Tragédia" aborda conceitos descritos por ele como o Dionisíaco e o Apolíneo. Dionisíaco sendo tudo aquilo relacionado aos sentidos, à intuição, a manifestação do ser humano em sua forma natural tal e qual é, do sujeito em relação ao sujeito e não ao objeto; e o Apolíneo, por sua vez, tudo aquilo que é fruto de um dever-ser criado pela razão humana, aquilo que diz ao ser humano como ele deveria ser ou se portar. Nietzsche critica duramente os gregos por terem relegado a cultura ocidental uma tradição fortemente Apolínea em detrimento do Dionisíaco, e o faz com críticas severas a Platão e sua teoria do mundo ideal, do dever-ser e não do ser, do mundo do objeto e não do sujeito.
Viktor Barisovich Chlovsky define a arte da seguinte maneira: "o hábito devora trabalhos, roupas, móveis, esposas e o medo da guerra. A arte existe para que possamos recuperar a sensação de estarmos vivos, existe para fazer-nos sentir coisas, para tornar a pedra dura. O objetivo da arte é nos proporcionar a experiência das coisas tal como as percebemos, não como as conhecemos".
É brilhante a forma como ele estabelece uma relação necessária de contraposição entre o saber e o perceber, pertencendo a arte à categoria do segundo. A concepção de arte, desta forma, deriva da representação do ser sendo aquilo que é em sua natureza, da carne despida e nua, visceral e manchada de sangue, do próprio Dionisíaco nietzscheano, e a estética, como ramo da filosofia, um campo organizado e metódico do saber, que tem por finalidade o estudo daquilo que é belo, como o Apolíneo nietzscheano, pertencendo a categoria do conhecer.
A arte é o objeto da estética. Ou seja, a estética pode tomar por estudo a poesia e, desta forma, defintir, segundo critérios objetivos, aquilo que é belo, e é o que Aristóteles faz em sua obra 'Poética'.