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Arthur Bispo do Rosário nasceu em Japaratuba - SE em 1909. Em 1925, muda-se para o Rio de Janeiro, onde trabalha na Marinha Brasileira e na Companhia de Energia Elétrica do Rio de Janeiro - Light. O passado de Arthur Bispo do Rosário é praticamente desconhecido. Sabe-se apenas que era negro, marinheiro, pugilista, lavador de ônibus e guarda-costas. Após um surto psicótico em 22 de dezembro de 1938, em que acreditou ter visto Cristo, descendo à terra, rodeado por uma corte de anjos azuis, e afirmar ter recebido a missão de recriar o universo para apresentar a Deus no dia do Juízo Final, Bispo se abriga em um monastério que o encaminha ao Hospital dos Alienados na Praia Vermelha no Rio de Janeiro. Sem recuperar-se e, diagnosticado esquizofrênico paranoide, foi internado na Colônia Juliano Moreira onde permaneceu até sua morte em 1989 (CLAUS, M., 2006).
A literatura indica que a esquizofrenia é um severo transtorno psíquico que pode acometer pessoas das mais variadas idades, culturas e extratos sociais. Os subtipos da esquizofrenia são definidos com base na sintomatologia predominante e se caracterizam como: paranoide, hebefrênica e catatônica, além das formas atípicas da doença. Essa patologia é caracterizada presença de delírios e alucinações de caráter de perseguição ou grandiosidade, em sua grande maioria (MIRANDA, A. B. S. de, 2013).
O processo de desenvolvimento da esquizofrenia pode ser gradual, lento, que nem mesmo o paciente e a família deste, toma conhecimento da evolução do caso. O período entre a normalidade e a doença deflagrada pode levar meses. Em contrapartida, existem pacientes que desenvolvem rapidamente a esquizofrenia, e em questão de dias ou semanas já apresentam alguma sintomatologia (MIRANDA, A. B. S. de, 2013).
Bispo destecia pacientemente os tecidos dos uniformes da Colônia Juliano Moreira onde vivia, colecionava os fios para posteriormente utilizá-los bordando profusamente seus artefatos com acabamento exemplar. Mais precisamente: o destecimento dos uniformes e lençóis azuis da Colônia Juliano Moreira e o retrabalho sobre o material, que resulta nos uniformes com talhe aos moldes daqueles da Marinha de Guerra; além de estandartes, faixas e outras peças têxteis (OLIVEIRA, S. de, 2014).
Os trabalhos de Bispo diversificam-se entre justaposições de objetos e bordados. Nos primeiros, utiliza geralmente utensílios do cotidiano da Colônia, como canecas de alumínio, botões, colheres, madeira de caixas de fruta, garrafas de plástico, calçados; e materiais comprados por ele ou pessoas amigas. Para os bordados usa os tecidos disponíveis, como lençóis ou roupas, e consegue os fios desfiando o uniforme azul de interno. Bispo faz também estandartes, fardões, faixas de miss, fichários, entre outros, nos quais borda desenhos, nomes de pessoas e lugares, frases com respeito a notícias de jornal ou episódios bíblicos, reunindo-os em uma espécie de cartografia (CLAUS, M., 2006).
Em 1995, com uma vasta seleção de peças, Bispo representa o Brasil na Bienal de Veneza e obtém reconhecimento internacional. Sua obra torna-se uma das referências para as gerações de artistas brasileiros dos anos 1980 e 1990 (OLIVEIRA, S. de, 2014).
O presente trabalho tem por objetivo mostrar a vida, a arte e a doença de Artur Bispo do Rosário, descortinando sua patologia com nuances que auxiliaram na criação de uma vasta obra.
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