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Resposta:espero te ajudar
Explicação:Resumo do trabalho:
No período da Politica Externa Independente (1961-1964), formula-se a “política
africana” do Brasil. Essa política se apresenta de forma singular na história da
diplomacia brasileira, já que não existe, ou raramente é tratada pela literatura outra
política de dimensão continental. Por exemplo, raro se escuta falar de “política
asiática” ou, de “política europeia” do Brasil, dentre outras. Assim, pessoas não
familiarizadas com o tema, pensaria que no caso da África haveria (há) somente uma
politica externa do Brasil programada para quase todos os países do continente.
A proposta do artigo é analisar o que significa a política africana do Brasil. E, se
realmente o país possui uma politica africana; se não, como se pode entender a sua
formulação? A hipótese é que a “política africana” corresponde a um arquétipo
desenhando a partir da década de 1960 que ilustra a imprecisão inicial da política
externa brasileira em definir os seus objetivos e seus alcances;por outro lado, o seu
formato é também resultante da interpretação do quadro da unidade africana forjada
no processo da descolonização, culminando internamente numa imagem traduzida da
"África como um país", suscitando, a partir disso, a elaboração de uma política para
um grande e gigante país: África.
Palavras-chave:África, Brasil, Descolonização, Política Africana
Introdução
As relações formais entre Brasil e o continente africano se constituem a partir
de 1970 quando, praticamente, a maioria dos países daquele continente ganha a
independência, com exceção da África do Sul, Namíbia e Rodésia (atual
Zimbabué).Contudo, a inflexão na Política Externa Brasileira para aquele continente se
deu antes, com o governo de Jânio Quadros (1961), ao inaugurar a Política Externa
Independente (PEI) que abarcou também o seu sucessor, João Goulart (1961-1964), e
com respingos até nos primeiros governos militares da década de 1970. Neste viés, a
PEI conferiu bases para a formação da "política africana " do Brasil.
A sua elaboração marcariaa “quebra do silêncio” nas relações Brasil-África e
demostraria que o país desafiara a timidez e constrangimentos impostos pelo Portugal
nas décadas anteriores, natentativa de se lançar no continente e ficar a par de seus
problemas. A partir do governo Quadros depara-se com uma mudança considerável. O
Brasil começa a reconhecer a importância da autodeterminação dos povos do Terceiro
Mundo, esforça-se para um melhor diálogo entre as potências na resolução dos
conflitos coloniais,ainda que de forma tímida sem desafiar com veemência o status
quo; emboramanobras mais afinadas possam ser registradas, principalmente a partir
da década de 1970, quando no governo Médici (1974-1979) o país se torna o primeiro
a reconhecer a independênciade Angola, em 11 de Novembro de 1975; já havia
reconhecida a de Guiné-Bissau em 1974, antes da transferência de poder de Portugal
para o governo do Partido Africano de Independência de Guiné-Bissau e Cabo Verde
(PAIGC). Esses estratagemas inauguram uma nova fase nas relações Brasil-África.
Todavia, ao formular a política africana, conceitualmente o que ela
embute?Equivaleria às relações entre Brasil e a África? Sabe-se que aquele
continente é constituído por 54 países, com configurações internas distintas entre si,
que celebram a diversidade, riqueza de identidades; diante disso, a política africana
cobriria todos os países? E por que somente ela foi cunhada numa dimensão
continental, haja vista que não existiu pelo menos a literatura especializada não
concebeu a política asiática, ou a política americana, ou a política europeiado Brasil.
No entanto, o recorte africano, não foi feito somente pelo Brasil. É comum
encontrar, “política africana” da China, “politica africana” da França, ou “política
africana” dos Estados Unidos. Portanto, resta-se entender como que a África, um dos
maiores continentes do mundo foi-se reduzido ao discurso político ao ponto de ser
rotulado como um grande e um único país. Para isso, torna-se necessárioanalisar
como se processou a unidade africana.
Neste trabalho, concentra-se na relação Brasil-África; dessa maneira,
interessa-se saber o que realmente foi a política africana do Brasil? Tratou-se de um
baluarte onde conformaria diversos tipos de relações para os países africanos de
acordo com o interesse de cada governo brasileiro?Ou, na sua formulação denota-se
o anseio do país de se apresentar na África, ainda que de forma titubeante, sem uma
definição coesa do seu real interesse e de seus parceiros.Este trabalho advoga que a
formação da política africana deve ser contextualizada não somente pelas
configurações internas brasileiras do período,mas também, pelo quadro da unidade
africana no momento da descolonização do continente.
O recorte temporal do artigo se refere ao período da formulação e
implementação da “política africana” do Brasil, no contexto da Política Externa
Independente (1961-1964).