• Matéria: Português
  • Autor: ValoisBourbon
  • Perguntado 7 anos atrás

Leia o texto adaptado abaixo para responder às questões 1 e
2.
O “tu” e o “você”
A tradução de textos meus para idiomas como japonês,
búlgaro, russo, hebraico nunca deu problemas. Problemas tive
em Portugal (a editora hesitava se ia publicar os livros em
“português” ou “brasileiro”) e com uma editora aqui do Brasil:
eles queriam que eu trocasse o “tu” de minhas histórias por
“você”. O que eu recusei, e por uma simples razão: a narrativa
tinha como cenário o Rio Grande do Sul, e aqui o pronome da
segunda pessoa é o “tu”.
***
“Tu” e “você” são diferentes. O monossilábico “tu” é curto,
direto e sem-cerimônia, ainda que afetuoso. É o pronome que
Deus usa, quando fala com Abraão, com Moisés; dá para
imaginar o Altíssimo usando “você”? Não dá. “Você” é
maneiroso; mais, em “você” encontramos o som sibilante da
segunda sílaba. Sibilo, como sabem as serpentes e os
adolescentes empenhados em conquistar garotas, implica
sedução. Por outro lado, “você” vem de “vossa mercê” (via
“vosmecê”), e isso dá ao pronome uma conotação reverente,
submissa, típica da cultura genuflexa que caracterizou o país
desde o período colonial, mas que não se coadunava bem com
o espírito altaneiro do gaúcho. Enquanto estivemos isolados,
na ponta (e na fronteira) do Brasil, o “tu” não teve vez. Mas aos
poucos o país foi ficando uma coisa só, com uma linguagem
unificada pelas redes de tevê, e depois, pela Internet. E nestas,
o “você” (“vc”) é a regra. Muita gente aqui no Sul passou a
adotá-lo, a começar pelos locutores esportivos. As garotas
fazem o mesmo, mas por motivo diferente: usam o “você”
quando querem manter a distância um assediador.
***
Todas estas considerações emergem, claro, a propósito
deste 20 de setembro, a data máxima da gauchidade. É a festa
do churrasco (sem cacos de vidro; gaúcho não assa carne em
churrasqueira que parece vitrina, como aquela do Palácio da
Alvorada, e portanto não corre o risco de estouro do vidro), a
festa do chimarrão, a festa da cavalgada – e a festa do “tu”. E a
festa do Hino Farroupilha, que, numa versão de maio de 1839,
dizia, em sua primeira estrofe: “Nobre povo rio-grandense/ povo
de heróis, povo bravo/ conquistaste a independência/ nunca
mais serás escravo.” Ou seja: o Hino usava o “tu”, ainda que
subentendido. Na versão definitiva não aparece a segunda
pessoa. Nem “tu”, nem “você”, mas sim “nós”: “Mostremos
valor, constância...”
É um grande pronome o “nós”. Grande como o Rio
Grande.
SCLIAR, Moacyr: contos e crônicas para ler na escola. Rio de Janeiro:
Objetiva, 2011.
1. De acordo com o texto, analise as assertivas abaixo.
I. O narrador demonstra certo sentimento pelo Rio
Grande do Sul ao longo do texto. Pode-se entender
que o texto foi escrito no próprio Estado.
II. O narrador mostra mais apreço pelo “você” do que
pelo “tu” em quaisquer situações em que se tenha
que redigir narrativas, alegando que o “tu” deveria
ser abolido.
III. No Rio Grande do Sul, as pessoas já não usam
mais “tu” nem “você”, mas “nós” para que haja
conformidade com o Hino.
É correto o que se afirma em
(A) I, apenas.
(B) II e III, apenas.
(C) I e III, apenas.
(D) I, II e III.
2. De acordo com a norma-padrão da Língua Portuguesa,
analise as palavras abaixo, transcritas do texto, e, em
seguida, assinale a alternativa que apresenta,
respectivamente, palavras que devam ser acentuadas
segundo as mesmas regras de acentuação das palavras
abaixo.
Búlgaro/ Cenário/ Você
(A) Lagrima/ Mercenario/ Pate
(B) Figado/ Juri/ Parana
(C) Buque/ Parabens/ Tenis
(D) Açucar/ Polen/ Agua

Respostas

respondido por: lucas2204598
2

Resposta:

Uma pessoa que pesa 50 kg tem 8 kg de pele.

Esta questão está relacionada com a proporcionalidade entre variáveis.

Perguntas similares