Em sua obra Vigiar e Punir, teceu críticas ferrenhas à disciplina, apontando, então, para uma sociedade que busca “corpos dóceis”. Para Foucault (1987, p. 119), “A disciplina fabrica assim corpos submissos e exercitados, corpos 'dóceis'. A disciplina aumenta as forças do corpo (em termos econômicos de utilidade) e diminui essas mesmas forças (em termos políticos de obediência). Em uma palavra: ela dissocia o poder do corpo [...]”. Foucault tratou de demonstrar que a escola, ao manter uma estrutura interna com carteiras de alunos enfileiradas e a mesa do professor em posição de destaque, acaba por criar uma estrutura que favorece o controle e a hierarquia de poderes, com o mestre – que detém a autoridade – em destaque na parte da frente da sala de aula e, consequentemente, os alunos atrás. “As disciplinas, organizando as 'celas', os ‘lugares' e as 'fileiras' criam espaços complexos: ao mesmo tempo arquiteturais, funcionais e hierárquicos” (FOUCAULT, 1987, p. 126). Segundo Foucault (1987, p. 126), a escola, “Determinando lugares individuais, tornou possível o controle de cada um e o trabalho simultâneo de todos. Organizou uma nova economia do tempo de aprendizagem. Fez funcionar o espaço como uma máquina de ensinar, mas também de vigiar, de hierarquizar, de recompensar”. Assim, estabelece uma comparação entre a escola e a estrutura das penitenciárias. Para ele, a construção das escolas, assim como dos cárceres, visa uma constante vigilância. Os enormes corredores com salas ao redor e o pátio situado ao centro favorecem que em momentos de recreação ou atividades ao ar livre os alunos possam ser vigiados e, dessa forma, não fujam da “normalidade” ou daquilo que é considerado como padrão ideal de conduta. A diretoria construída em um local de fácil observação, normalmente ao centro, retoma o Panóptico de Bentham, modelo de construção utilizado nas penitenciárias. Por meio dessas comparações entre a escola e a prisão, a obra Vigiar e Punir e todo pensamento foucaultiano obteve considerável destaque entre os pensadores da Filosofia da Educação, tendo em vista suas críticas às posturas tradicionais da escola.
Além da arquitetura, Foucault ainda apontou elementos que corroboram a repressão dos alunos, tais como o sinal sonoro e os horários fortemente determinantes da rotina. Para ele, são vários os indícios de uma estrutura hierarquizada no interior da escola, a qual, de certa forma, impede que o aluno tenha uma formação emancipatória. A crítica do sistema escolar aponta para uma utilidade da escola como uma verdadeira “máquina” de moldar cidadãos adestrados.
A partir da leitura do trecho acima, explique como a questão da escola democrática e filosófica para auxiliar na transposição dessa escola trabalhada por Foucault?
Respostas
Foucault, entende o homem como uma construção histórica e partindo desse princípio entendemos então, que sendo o sujeito criado historicamente, as formas educacionais também o são, estando alunos e professores envolvidos neste processo.
Ora, sabemos que, a escola é responsável pelo saber em primeiro lugar. Esse saber, contudo, não existe desvinculado do poder, mas o poder não pode ser entendido apenas como uma força repressiva a serviço da dominação.
Para Foucault, o poder é disperso e atravessa todas as práticas sociais, inclusive as que se desenvolvem no âmbito da escola, criando possibilidades de exercício do poder. Na perspectiva foucaultiana, todos os sujeitos estão submetidos ao poder, mas podem igualmente exercê lo.
Para tanto, é necessário que os sujeitos compreendam que podem exercer o poder e desenvolvam a motivação para fazê-lo. Na escola democrática a participação é uma possibilidade real de exercício do poder pelos sujeitos. Assim, os sujeitos podem assumir o compromisso coletivo de atuar diretamente nas definições dos rumos da instituição escolar.
Bons estudos!
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