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O terror sobrenatural sempre despertou interesse na humanidade. Os antigos mitos de civilizações distantes já falavam sobre monstros, espíritos malignos, bruxas e magos que tinham o poder de manipular as vidas alheias causando prosperidade ou desgraça. Muito antes do cinema ser inventado, já existiam histórias aterrorizantes que prendiam a atenção de qualquer ouvinte, incauto ou não, em rodas de conversa, ao redor de uma fogueira ou mesmo antes de dormir, com contos de assombrações. O terror fascina porque mexe com nossos medos primordiais, como o medo do escuro, do que está escondido no que não vemos, e o medo do desconhecido, do que não sabemos. No universo compartilhado The Conjuring Universe (que teve seu início em Invocação do Mal, em 2013), acontecem coisas estranhas. Pessoas ficam possessas, demônios usam bonecas para atormentar residentes em suas casas e uma pintura de uma freira sinistra atormenta uma demonologista. A luta do bem contra o mal é real e difícil e tudo é feito de modo a nos deixar assustados e insones. Mas nem sempre.
Aviso: este texto contém spoilers!
A freira demoníaca nos foi apresentada em Invocação do Mal 2. O filme, estrelado pela sempre ótima Vera Farmiga (que interpreta Lorraine Warren, uma demonologista estadunidense que junto de seu marido, Ed Warren, auxiliaram diversos casos de possessão demoníaca e assombração durante a década de 1970), conta a história de uma família cuja casa está sendo assombrada por um espírito. Mas ele vai além, dando maior profundidade à personagem de Vera, fazendo com que o espectador compreenda os riscos a que ela se expõe ao se envolver em tais casos para auxiliar as pessoas. Alguns desses casos receberam bastante destaque da mídia na época por possuírem fortes evidências de realidade. Eles foram retratados em Invocação do mal 1 e 2. Claro que, como todo filme baseado em fatos reais, há pontos que não correspondem à história original, no entanto, o essencial está ali e cumpre com o que promete: assusta – e muito.
Uma das figuras incontestavelmente mais assustadoras, tanto desse universo cinematográfico quanto do terror sobrenatural das últimas décadas como um todo, é a freira (Bonnie Aarons) do segundo filme. Após uma situação que só pode ser descrita como desesperadora, Lorraine consegue expurgá-la ao dominar seu nome: Valak. Ela não é o espírito perturbado de uma freira ou uma assombração comum, mas um demônio muito poderoso que faz uso da aparência religiosa como forma de zombaria.
Símbolos religiosos, geralmente ligados ao catolicismo, têm sido usados em narrativas de terror há muito tempo. Parece inconcebível pensar que a figura de uma freira, que deveria representar castidade e bondade, esteja repleta de ódio e maldade. E é justamente isso que é trabalhado em A Freira, o mais recente filme do universo de Conjuring e também o mais fraco deles.
Nele, somos levados ao passado, mais precisamente a 1952, quando uma freira se suicida num convento da Romênia. Quem encontra o corpo já em avançado estado de decomposição, dependurado de uma corda na frente do convento, é um jovem da região (Jonas Bloquet), que informa as autoridades sobre o ocorrido após retirar o corpo dali. A igreja católica, sabendo disso, envia para a Romênia, a fim de investigar o suicídio, um exorcista, Padre Burke (Demián Bichir) e uma noviça que está para tomar seus votos, Irene (Taissa Farmiga, irmã de Vera na vida real).
Chegando lá, ambos se deparam com um convento fechado, num local inóspito e longe da aparência de santidade que supostamente deveria ter. Uma sensação maligna se apossa deles, que são recebidos muito mal pela abadessa, uma mulher misteriosa, completamente envolta em véus e que não dá abertura aos representantes da Igreja Católica. No entanto, como a ordem vem de cima, eles passam a noite no convento com a promessa de terem uma conversa séria acerca da morte da freira no dia seguinte. E é aí que as coisas come