3. (Unicamp 2018) Ao estudar a condição feminina no Brasil colonial não se pode ter a ingenuidade de crer numa solidariedade de gênero, acima de diferenças de raça, credo e segmento econômico.
(Adaptado de Mary del Priore, A mulher na história da colônia, em Ao sul do corpo: condição feminina, maternidade e mentalidades no Brasil colônia. Rio de Janeiro: José Olympio, 1993).
a) Considerando como era a mentalidade portuguesa no período mencionado, cite e explique uma função da mulher branca no processo de colonização.
b) Explique dois papeis sociais desempenhados pelas mulheres escravizadas de origem africana no contexto do Brasil colonial.
Respostas
Explicação:
a) Principalmente a partir dos relatos de viajantes e cronistas no Brasil Colonial, difundiram-
-se concepções e estereótipos acerca da mulher branca como uma figura reclusa, tolhida
e dominada. Mais recentemente, no entanto, historiadoras, como a autora do texto citado,
passaram a questionar a submissão feminina, distinguindo a condição da mulher do modelo
ideal de conduta veiculado na época e revelando uma sociedade mais complexa, apesar da
misoginia (= aversão às mulheres) e do patriarcalismo (= autoridades social e familiar centradas
no homem). Dessa forma, a mulher branca passou a ser lembrada como mãe, esposa e
possível receptáculo de tradições culturais a serem implantadas no Novo Mundo e que, por
sua vez, chocavam-se com a desigualdade social e racial dessa sociedade.
b) Uma concepção bastante difundida acerca das mulheres negras escravizadas foi a associação
com o desregramento e a transgressão, especialmente por causa da ausência de
mulheres brancas no início da colonização, o que levava os colonos a arranjos com índias e
negras quase nunca sacramentados pela Igreja. No entanto, é importante considerar diversos
outros papéis, como no caso das atividades domésticas, das amas de leite, das mucamas
e das parteiras, e de atividades no espaço urbano, como a venda de quitutes (”escravas
de ganho”).