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Resposta:A criatura maligna, personificada por um palhaço dançante, tem sua história contada no enredo a partir do sumiço de George, irmão caçula de um jovem que sofre com a gagueira.
O maior motivo de sofrimento das personagens são seus medos, que são até ideológicos: machismo, pedofilia, racismo, a intolerância religiosa e até a gordofobia, a diferença, o TOC… Enfim, uma vasta gama para dar conta, mas que, por isso, deveria ter sido tratada com mais cuidado e, talvez, profundidade, para que tivessem ainda mais força quando a criatura tomasse forma de cada uma delas.
A primeira coisa a se dizer é sobre a centralização do assunto em IT.
O primeiro capítulo do filme retrata a infância das personagens a nível escolar, cujo círculo social é restrito e até bem óbvio e estereotipado. As personagens principais ganham o título de losers (ou perdedores), representando muito bem o tipo de bullying norte-americano dos anos 1980. Para quem conhece o best-seller de Stephen King, tem uma certa surpresa, porque o longa descontextualiza o enredo original, que se passa vinte anos antes, na década de 1960.
O impacto que a mudança causa estão desde os figurinos e cenários, ou até no próprio conteúdo do filme, em que o padrão de acontecimentos aterrorizantes acontecem a cada 27 anos.
Como na maioria das adaptações, os fãs de carteirinha sentem o impacto das alterações Hollywoodianas que faz do filme um produto vendível, que financeiramente acertou, já que resultou na maior bilheteria de terror do ano.
O apelo para o susto com certeza é o maior indicador para o thriller. Estas cenas são muito bem representadas pelo icônico palhaço Pennywise, que é interpretado – surpreendente bem – por Bill Skarsgård.
Entretanto, apesar das grandes críticas que veneraram a adaptação, até supondo que It: A coisa, em sua última versão, pode estar no palho dentre as obras mais bem adaptadas de King, nada de imprevisível acontece.
As músicas que acompanham a trama são genéricas, mas cabíveis. Parece que as crianças lutando contra as forças do mal através de uma pureza novamente ganha os telespectadores (vide Stranger Things).
As atuações não poderiam ser melhores, de fato, tendo em mente a dificuldade para as crianças em embarcar no universo de terror, mas este não foi o obstáculo que fez do filme uma decepção.
Um outro ponto curioso foi a liberdade que o filme dá as crianças e, portanto, a diminuição da ação dos pais podando a descoberta de mistérios. Esta liberdade chega a ser questionada, já que a cidade está sempre em alerta com o sumiço das crianças, mas ao mesmo tempo, é o principal aspecto que permite com que o horror aconteça.
Ao longo da trama, se trabalha sem muita especificidade a proporção do mal mais próximo das crianças, isto é, em família, e quando acontece, não nos é dado um conhecimento prévio, mas ainda assim, não desloca o sentido, o que também não significa que foi uma boa tirada para os cortes escolhidos para encurtar o filme.
É necessário levar tudo o que foi dito até então para entender o “decepcionante” do parágrafo anterior.
O filme que ficou sobre a responsabilidade de Andy Muschietti (que também dirigiu o sucesso Mama), arrecadou mais de US$ 123 milhões no fim de semana de lançamento e não deixou a faixa etária do filme em aberto, o que desagradou e muito a força de um thriller de que se era esperado mais sangue e cenas ainda mais polêmicas.
Por escolha da equipe de direção, a cena de uma “orgia juvenil” é cortada e substituída por um beijo, com cara dos primeiros da vida de uma criança na puberdade.
Este corte, em específico, foi bem assertivo, até ideologicamente, mas a substituição, um erro.
O clima de romance desmonta (e muito) o objetivo final do filme, e para que aconteça todo um ambiente de melancolia e triângulo amoroso clichê, tem uma ação constante desde seu início, isto é, a romantização de uma franquia de terror.
Claro, agradar a gregos e troianos nunca é uma tarefa fácil, mas o final aberto e fraco do filme pede, desesperadamente, por uma sequência mais aprofundada e surpreendente, que talvez, descolada de uma versão infantilizada, tome mais forma de um terror psicológico e que, por isso, deve temer qualquer glamourização.
Explicação:
um filme muito bom 0 defeitos
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