Reza é que sara da loucura.
Hem? Hem? O que mais penso, testo e explico: todo-o-mundo é louco. O senhor, eu, nós, as pessoas todas. Por isso é que se carece principalmente de religião: para se desendoidecer, desdoidar. Reza é que sara da loucura. No geral. Isso é que é a salvação da alma... Muita religião, seu moço! Eu cá, não perco ocasião de religião. Aproveito de todas. Bebo água de todo rio... Uma só, para mim, é pouca, talvez não me chegue. (...) Tudo me quieta, me suspende. Qualquer sombrinha me refresca. (...) Muita gente não me aprova, acham que lei de Deus é privilégio, invariável (2001, p. 32).
Fonte: ROSA, João Guimarães. Grande Sertão: Veredas. 19. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
Português | Letras
Sabemos que a língua é o principal meio para perpetuar os saberes e as tradições de um povo, sendo fenômeno constitutivo da identidade cultural. Quais são os aspectos do trecho que remetem a imaginários existentes na identidade cultural e repassados por meio do uso da língua?
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A ideia da importância da reza para o indivíduo está presente de forma evidente no texto acima. E diante de comunidades existentes há milhares de décadas, sabe-se que o imaginário popular pode ser intimamente relacionado com a transmissão de conhecimentos religiosos.
Portanto, a ideia de cura atrelada à realização de cultos religiosos é certamente uma características inerente ao imaginário popular das comunidades.
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