A mobilização social em torno da infância e adolescência que experenciamos na atualidade é um fenômeno historicamente moderno. A infância foi tomada como objeto de estudo científico com a crescente necessidade de escolarização formal como recurso para atender as mudanças econômicas que o avanço da ciência proporcionou. De tal sorte que podemos afirmar que a noção de infância tem características próprias conforme a forma de produção econômica. Considerando a noção de infância e o modo de produção de cada momento histórico, considere com V as afirmativas Verdadeiras e com F as Falsas. I. Com o avanço da ciência e a mudança do modo de produção houve a migração dos indivíduos do campo para a cidade, forjando núcleos familiares menores favorecendo a intimidade e a noção de cuidado. II. Na Idade Moderna a escolarização formal ganha grande ênfase como recurso de cuidado para com as gerações posteriores, dando visibilidade a criança que passa a ser vista como garantia de um futuro melhor. III. No feudalismo era comum as crianças terem acomodações separadas dos adultos com o objetivo de preservar a integridade da mesma, uma vez que as famílias viviam em um sistema nuclear de pai, mãe e descendentes. As afirmações I, II e III são, respectivamente:
Respostas
Resposta:
Alternativa 3:
V, V, F.
Explicação:
A família no período feudal, modelo econômico da alta Idade Média, era
patriarcal e extensa. Todos se organizavam em torno do senhor feudal, e para além dos vínculos consanguíneos viviam mais de duzentas pessoas num mesmo ambiente. Eram os pais, irmãos, avós, tios, primos, agregados, escravos e servos. Em meio a tantas pessoas e sem as noções de nojo e pudor supracitadas, os laços de afeição não eram obrigatórios (MATTIOLI, 1998). Esse modelo familiar ainda pode ser encontrado em núcleos eminentemente rurais, nos quais os membros da família são a mão de obra de trabalho.
Com as descobertas cientíicas da renascença (microscópio, telescópio e a
bússola), juntamente com o movimento das cruzadas, o modelo feudal começa a ruir, pois surgiu a sobra de produção. Com o excesso, começaram a se estabelecer relações de troca entre os feudos, que gradualmente se especializaram nos produtos que produziam. Não tardou a ressurgir a moeda como mercadoria de troca, constituindo aí a burguesia e a origem do capitalismo (PEREIRA; GIOIA, 1988).
A burguesia era a classe social constituída por trabalhadores do campo que se destacaram na arte da negociação, enriquecendo mediando as trocas de produtos. Esses se organizaram ao redor dos burgos em casas menores, com cômodos separados, estruturando o que foi chamado de família nuclear, constituída por pai, mãe e ilhos, estes em número bem menos expressivos (MATTIOLI, 1998; ARIÈS, 1978). Vivendo mais próximos, o sentimento de intimidade se desenvolve, fortalecendo a preocupação para com as crianças, e consequentemente a ideia de atendimento diferenciado a ser dispensado a elas.
Enfim, quando esse modelo de infância a ser protegido e educado com a finalidade de desenvolvimento moral rígido se estabeleceu, para Postman (1999), o modelo de família moderno também se efetivou. Nesse contexto, a educação formal tem seu lugar de destaque. Havia a cobrança social tanto da garantia da sobrevivência das crianças quanto de seu desenvolvimento moral. A família então passou a ter o papel de educadora dos princípios do Estado e da religião.
Nas palavras de Postman (1999, p. 58): “suas expectativas e responsabilidades tornaram-se mais sérias e mais numerosas quando os pais passaram a ser tutores, guardiães, protetores, mantenedores, punidores, árbitros do gosto e da retidão”.
A ênfase dada a escolarização passou a nortear toda a forma de pensar eagir sobre a criança. Da liberdade irrestrita da Idade Média, a criança passa a
ser objeto de constante vigilância do olhar do adulto, pois esta precisa ser cuidada e orientada para cumprir com os preceitos da nova organização social. As crianças passam a ser vistas como a promessa do porvir melhor. Seu papel passa a ser garantir um futuro melhor, o da grandeza, da prosperidade, da evolução da sociedade (CASTRO, 2013).
Esse processo se daria pelo investimento na educação formal da criança. A
demanda de escolarizar, com materiais adequados à idade, em conjunto com as salas seriadas trouxeram consigo a ideia de estágio da infância, considerando, a partir do olhar educacional e do adulto, o que uma criança de determinada idade deve ou não aprender, formulando a lógica e também os pré-requisitos da aprendizagem (POSTMAN, 1999).
Resposta conforme trechos retirados das páginas 24 e 25 do livro.
Espero ter ajudado!
Considerando a noção de infância e o modo de produção de cada momento histórico, Todas as assertivas estão corretas.
Correto. O avanço da ciência e o modo de produção, como a urbanização, levou ao deslocamento de muitas famílias do campo para a cidade, gerando a formação de núcleos menores familiares, proporcionando um maior cuidado.
Correto. A Idade Moderna foi associada à uma noção de maior cuidado para as crianças, principalmente com o advento de teorias associadas ao desenvolvimento infantil.
Incorreto. Na verdade, no feudalismo, ou seja, na Idade Média, não existia a noção de infância, visto que as crianças eram tidas como "pequenos adultos".
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