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“TENHO 30 ANOS, MAS SOU NEGRA HÁ DEZ. ANTES, ERA MORENA.” – BIANCA SANTANA
Se descobrir negro é desesperador e libertador ao mesmo tempo. Sempre soube que era mulher pelas limitações que me impuseram em casa, das coisas que meu irmão podia fazer e eu não podia por ser menina. Na escola descobri que eu era gorda, presente dos comentários e apelidos colocados pelas outras crianças. Mas crescendo na periferia, eu achava que racismo não existia. Claro que tinham pessoas negras e brancas, mas meus amigos brancos eram enquadrados pela polícia assim como meus amigos negros. Todos nós éramos pobres, para mim era isso que nos tornava iguais.
Precisei sair da periferia para perceber que não éramos. Na minha certidão de nascimento eu sou branca. Meu pai é um homem negro, minha mãe não. Eu sempre tive a pele mais clara que meus irmãos, embora meu cabelo fosse mais crespo. Passei a vida ouvindo que meu cabelo era ruim, sendo chamado de juba, Bombril, vassoura e outros apelidos por causa dos fios que se recusavam a crescer escorridos como o cabelo da minha mãe crescia. Meu primeiro alisamento foi com oito anos de idade. Depois disso foi uma sequência de produtos mal cheirosos que me causavam dor, mas sentir os fios balançando compensavam. Para mim, meu cabelo crespo era só um cabelo crespo e não um sinal da minha negritude.
Só percebi que eu era negra na vida adulta, graças à um segurança do mercado que me seguiu pelos corredores, graças à senhora que achou que eu trabalhava no estabelecimento, mesmo eu não usando nenhum crachá ou uniforme que me identificasse como funcionário, graças à vendedora que me ignorou, mas atendeu prontamente à cliente loira que entro na loja depois de mim.
Até eu ter meu próprio dinheiro eu não era negra, era morena. É triste que precisemos de um tapa na cara pra notar quem somos, mas é libertador ainda assim. Sei que sou uma mulher negra, sei que o meu cabelo faz parte de quem eu sou, sei que não importa se vou usá-lo crespo ou alisado, eu continuo sendo uma mulher negra e agora sei o quanto isso é libertador.
Demorei pra entender que eu era negra, e demorei mais ainda pra aceitar que eu era negro. Nos livros que eu lia não haviam negros. Nos filmes que eu assitia eles estavam presentes como escravos, criados, bandidos, e eu não queria ser nada daquilo. Imagino se na minha juventude, nas mídias que eu consumia existissem super-heróinas, princesas, mulheres negras em cargo de chefia, que não estivessem lá para servir, mas para contar uma história, talvez esse reconhecimento não fosse tão tardio, ou a aceitação tão dramática.
Resposta:
Explicação:
Olá, tudo bem?
Este exercício é sobre produção de texto.
O Brasil é uma pais afro. Depois da África nós somos o país mais afro do mundo. Isso se deve, obviamente, aos quase 5 milhões de escravos que vieram da África para cá em função do regime de escravidão nas grandes plantações canavieiras e em outras funções.
Mas é difícil alguém se reconhecer como negro, dizem mulato ou moreno ou, no máximo, pardo.
Não querem passar pelo preconceito e acham feio ser negro, o próprio negro tem preconceito contra o negro.
No livro em questão a personagem se achava uma pessoa comum na favela onde morava, onde negros e brancos são iguais. Só soube que era negra quando enfrentou os preconceitos que não estão na favela, mas sim na classe média. Foi barrada para apresentar documentos, atenderam que chegou depois dela, pensaram que era uma ladra e um monte de coisas que só quem é negro pode saber a dor.
Com tudo isso ela assumiu que era negra e agora passa a lutar pelos direitos dos negros.
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Sucesso nos estudos!!!