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Considerado hoje o mais democrático dos esportes, o futebol volta e meia tem a reputação arranhada pelo preconceito racial. No início do mês, a Fifa reuniu sua força-tarefa para discutir punições contra a discriminação. É um recado claro para dirigentes como o português Nuno Lobo, denunciado esta semana à União das Federações Europeias de Futebol (Uefa). Em 2011, à frente da Associação de Futebol de Lisboa, ele chamou o jogador brasileiro Hulk de “macaco”. O preconceito tem raízes profundas na história do esporte. No início do século passado, o acesso às quatro linhas do gramado era vetado a negros e mulatos.Quando Charles Miller trouxe a primeira bola de futebol para o Brasil, o esporte logo desbancou o turfe e o remo como preferência nacional. Mas era marcado por contradições. Brancos construíram estádios, negros improvisaram campos de várzea. Brancos trajavam uniformes de marinheiro e limpavam o suor com lenços, negros usavam barbante para amarrar o meião. Brancos comemoravam as partidas com uísque. Negros, cachaça.Os campeonatos negros também seriam vistos em outras cidades. No Rio Grande do Sul, por exemplo, Pelotas teve a Liga José do Patrocínio; na capital do estado, a Liga Porto Alegrense, que se eternizou por seu nome pejorativo — a Liga da Canela Preta.