Respostas
Primeiramente, devemos observar que numa narrativa há dois grandes tipos de marcação de tempo: os tempos externos à narrativa e os tempos internos.
Em relação aos tempos externos, temos o tempo do escritor, que se refere ao tempo histórico de sua vida, que interfere na organização de sua narrativa pela presença de valores de sua época, e pela mudança desses valores no curso de sua vida, inclusive em relação aos movimentos estéticos literários.
Além disso, temos o tempo do leitor, que também se referem aos seus valores de época. Um texto escrito no século XVIII pode ser lido por alguém da época e depois por um leitor do século XXI. São leitores que possuem valores e expectativas diferentes, portanto lerão o mesmo texto de forma diferente.
A história contada pelo narrador pode se situar ou não na época no escritor; temos, então, o tempo histórico. Quando as épocas coincidem, da distância entre o tempo do escritor e o tempo histórico de sua ficção pode ser pequena. Agora, quando o escritor se refere a acontecimentos de outros tempos históricos, temos um grande distanciamento temporal.
Em relação aos tempos internos da narrativa, é necessário considerar uma análise das relações entre a história narrada e o discurso narrativo. O tempo da história é cronológico, isto é, aparece numa sucessão cronológica de eventos. Essa sucessão pode ser explicitada pelo narrador ou deduzida pelo leitor. No tempo da história temos a dimensão humana do tempo: além da marcação cronológica, ocorre com frequência o tempo psicológico, ou seja, o tempo cronológico distorcido em função das vivencias subjetivas das personagens. O tempo do discurso é a representação narrativa do tempo da história. Ele aparece de forma linear, ou seja, acontece enquanto o leitor vai lendo a história.