Respostas
Resposta: A cor do preconceito reúne ficção baseada em fatos reais e uma abordagem informativa bastante diversificada. O livro foi escrito a seis mãos pela escritora Carmen Lucia Campos, pela pesquisadora, historiadora e professora de história Vera Vilhena, além da antropóloga, pesquisadora e diretora do Geledés – Instituto da Mulher Negra, Sueli Carneiro.
Na história criada por Carmen, o tema do preconceito de cor aparece de modo contundente, num enredo que a autora trabalhou com maestria. Nele, destaca-se a adolescente negra Mira, excelente aluna de uma escola da periferia, que, graças a seus esforços, consegue uma bolsa de estudos num dos melhores colégios da cidade. Em sua nova etapa de vida, ela terá de enfrentar questões ligadas à sua identidade e procurar amadurecer diante de posturas racistas, preconceituosas e intolerantes.
Já a abordagem informativa, disponível em grandes conjuntos de texto ao longo do livro, ressalta a história da África e a influência dos negros na formação do povo brasileiro. Além disso, retoma tópicos abordados na ficção e faz um retrato bastante realista da atual situação dos negros no Brasil. Pequenos ensaios, letras de música, fotos, depoimentos e dados estatísticos enriquecem e aprofundam as informações do texto.
Carmen Lucia Campos conversou com o Boletim Ática sobre sua criação ficcional em A cor do preconceito, sobre sua história profissional e os projetos futuros.
Boletim Ática: Fale sobre sua formação, carreira profissional e principais atividades na atualidade.
Carmen Lucia Campos: Posso me definir como uma paulistana que sempre viveu entre livros: primeiro, como leitora voraz, e uma das conseqüências disso foi a decisão de cursar Letras. Depois me tornei editora e trabalhei por longo tempo com livros paradidáticos de diversas áreas, mas me fixei mesmo na literatura juvenil. Editei coleções juvenis famosas, como “Bom Livro”, “Vaga-Lume”, “Para Gostar de Ler”, “Sinal Aberto” e tantas outras da Ática.
Em 2003, resolvi enfrentar o desafio de escrever para crianças e jovens e me dedicar à consultoria editorial. Também trabalho com crianças e jovens carentes, despertando-os para o mundo dos livros, e dou cursos e palestras sobre literatura juvenil para profissionais da área e educadores.
Boletim Ática: Quando A cor do preconceito começou a ser gestado?
Carmen: Difícil precisar. Sempre fui observadora do comportamento humano e colecionadora de histórias que eu testemunhava, ouvia ou criava. Quando minhas sobrinhas foram crescendo, percebi a preocupação delas com a própria identidade e uma curiosidade grande sobre o passado de pais, tios e avós. Aí pensei que escrever um relato de casos de família seria uma boa forma de ajudá-las naquela busca. Só que a idéia cresceu, se ampliou e o que era para ser um produto doméstico virou projeto editorial abrangente.
Boletim Ática: O que representou a parceria com a Vera Vilhena e a Sueli Carneiro?
Carmen: A parceria com uma historiadora e uma estudiosa do assunto era o caminho natural para se produzir um material paradidático consistente, atualizado e de grande credibilidade. Os principais temas que aparecem na história que construí, misturando ficção e realidade, foram aprofundados pelas duas especialistas.
Boletim Ática: Como foi a construção da ficção que percorre todo o volume? E os personagens? Mira, em particular, nasceu inspirada em alguém?
Carmen: Observação, pesquisa e, principalmente, vivência foram os recursos que usei para mostrar a realidade de Mira e dos outros personagens da história. Gente que só existe no livro, mas que poderia existir de verdade. É uma ficção baseada na mais pura realidade: todos os casos de discriminação são reais. Em alguns deles, inclusive, fui vítima ou testemunha. Procurei usar muito da minha convivência com jovens para dar maior realismo à Mira e a seus amigos e fazer com que os personagens fossem convincentes o bastante para sensibilizar o leitor juvenil, principal alvo do livro.
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