NEGÓCIO DA CHINA
Além da desinformação, as fake news tornaram-se também um negócio de sonho. A maneira como são feitas (como se fossem notícias verdadeiras) e os títulos que apelam ao clickbait (títulos imprecisos e sensacionalistas que servem para atrair cliques), converteram-se em dinheiro ganho com publicidade. Na cidade de Veles, na Macedónia, um grupo de jovens enriqueceu a criar dezenas de sites em inglês com fake news, a maioria a favor de Trump. Eram financiados pelos anúncios gerados em modo automático através de empresas como Google, Facebook ou Twitter.
Muitos eleitores americanos terão sido enganados, outros preferiram acreditar em histórias pouco verossímeis mas que iam ao encontro dos seus preconceitos. (...)
Não se pode dizer que tenham sido as fake news as responsáveis pelo ‘Brexit’, pela eleição de Trump ou pelo lugar de Marine Le Pen nas sondagens, mas ajudam. “Desregulam um pouco o sistema, mas, como se sabe, o rumor sempre foi mais rápido do que a notícia, já era assim muito antes do digital”, sublinha Francisco Rui Cádima. Lado a lado com a campanha de Trump, o ‘Breitbart News’ — o site de extrema-direita que foi a central de intoxicação do candidato — recorria às fake news para sustentar teorias sexistas, homofóbicas, racistas e xenófobas. Liderado por Milo Yiannopoulos (suspenso do Twitter por difundir discursos de ódio), o ‘Breitbart’ fez títulos como: “Ser transexual é sofrer de uma transtorno psiquiátrico”; “Os transexuais estão mais envolvidos em crimes sexuais”; “Prova de que Obama nasceu no Quénia encontrada na campanha de Hillary”. Mentiras feitas para distorcer a realidade, na linha do que os ditadores ou aspirantes a tal sempre fizeram. Barack Obama chegou a ter de desmentir notícias falsas e dois dias depois de se conhecer o desfecho eleitoral, responsabilizou as redes sociais pela proliferação de atoardas.
Facebook e Google responderam, anunciando novos mecanismos para controlar as inverdades. A própria comunidade de utilizadores da Internet criou páginas de fact checking (como ‘Bellingcat’, ‘CrossCheck ‘ou ‘CrowdTangle’). “Só uma pequena percentagem dos conteúdos do Facebook são fake news”, garantiu Mark Zuckerberg num manifesto, publicado na rede social que criou, e em resposta às críticas pós-campanha. A Alemanha, cuja chanceler também criticou as fake news, está a preparar uma lei para que seja possível multar as redes sociais quando estas divulguem mentiras e difamações. Com eleições legislativas marcadas para este ano, teme-se efeito semelhante ao de Donald Trump. O país tem sido vítima de campanhas de ciberataques e fake news, quase sempre contra o islamismo e os refugiados que o país recebeu recentemente.
“Não há maneira de controlar. O acesso a tanta informação, em especial para quem não estava habituado, torna mas difícil distinguir o real do falso”, sublinha Pedro Rebelo. A semana passada, dois dos maiores anunciantes americanos anunciaram que iam parar de comprar publicidade na Google por considerarem que não fazia o suficiente para travar sites com mensagens de ódio. “Cabe também aos anunciantes não quererem comprar publicidade nestes sites. Se quiserem podem controlar isso”, frisa Walter Dean.
O texto II é fragmento que integra artigo a respeito das chamadas “fake news” (notícias falsas). A julgar pelo teor do texto, tais notícias
A) inauguraram um procedimento até então inédito, de substituição do fato por informações inverídicas sobre eles.
B) foram decisivas para a concretização da eleição do presidente Trump nos Estados Unidos e pelo divórcio entre o Reino Unido e a União Europeia
C) contribuem para firmar determinadas convicções, independentemente de sua vinculação à realidade.
D) integram de forma significativa os conteúdos do Facebook e do Google, com predominância de mensagens homofóbicas.
E) têm sua publicação financiada diretamente por empresas como Google, Facebook ou Twitter.
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Resposta:C
Explicação:
Ccontribuem para firmar determinadas convicções, independentemente de sua vinculação à realidade.
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