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Indolor e sem sintomas em 80% dos casos, o glaucoma é o principal responsável pela perda de visão evitável. São 67 milhões de portadores de glaucoma no mundo, 900 mil no País, sendo que a maioria deles nem sabe que tem a doença. Caracterizado pelo aumento da pressão intra-ocular, que evolui com dano do nervo óptico, o glaucoma é uma doença crônica que faz com que o campo de visão diminua com o tempo, de maneira gradual e irreversível. "É como se os olhos enxergassem por meio de um tubo cada vez mais estreito. E o paciente não percebe isso", explica o oftalmologista Paulo Augusto de Arruda Mello.
Normalmente, sinais de que a visão não vai bem costumam ficar claros com o aumento no número de acidentes como esbarrões ou batidas de automóvel por falta de reflexo. Porém, de acordo com o oftalmologista, quando o paciente tem essa percepção de associar quedas a problemas oculares, já é tarde demais. Além da simples falta de percepção da perda de visão por parte dos pacientes, vergonha, orgulho ou medo de rejeição também são motivos para as pessoas - de todas as idades - não procurarem ajuda. "Infelizmente ouvimos relatos impressionantes, como o caso de uma criança de 9 anos que caía muito, mas, por medo de que as pessoas não gostassem mais dela, não disse aos pais o que sentia", relata.
Segundo a Sociedade Americana de Especialistas em Retina - American Society of Retina Specialists - a cegueira desponta como a maior preocupação das pessoas com relação ao impacto na qualidade de vida. É a que mais afeta negativamente o dia-a-dia dos indivíduos. "A cegueira é traumática não só pelo fato de a pessoa perder um dos cinco sentidos, mas porque corresponde à falta de 80% do contato com o mundo", afirma Mello.
Principal medida: detecção precoce
A única forma de se controlar a saúde dos olhos ainda é a prevenção, com visitas periódicas ao oftalmologista em todas as fases da vida e informações sobre a saúde ocular dos familiares. De acordo com o especialista, é bastante comum casos de glaucoma quando já há histórico na família. Além da hereditariedade, estão entre os grupos de risco pessoas com alta miopia (maior de 6), maiores de 40 anos (incidência aumenta conforme idade), da raça negra, que utilizam colírios com corticóide freqüentemente e - ainda em discussão - portadoras de diabetes.
Com o diagnóstico precoce, feito pelo médico em exames clínicos de fundo de olho e de medição da pressão ocular, o glaucoma é tratado e a cegueira, facilmente evitável. Uso de colírios modernos, medicação oral e tratamentos a laser ou cirúrgico são opções a serem analisadas pelo médico caso a caso. Segundo o oftalmologista, o sucesso do tratamento depende da conscientização do paciente e de seus familiares sobre a gravidade da doença e da necessidade de se utilizar os medicamentos de forma correta e sem interrupções. Um estudo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) revelou que 40% dos pacientes utilizam o colírio de forma errada. Ou seja para não ficar cego