Respostas
Resposta:O processo de reparo tecidual (cicatrização) é um fenômeno complexo que visa restabelecer a integridade morfológica e funcional de um tecido lesado. Consiste em uma perfeita e coordenada cascata de eventos celulares e moleculares que interagem para que ocorra a reconstituição tecidual (Martin e Leibovich, 2005).
A cicatrização é dependente de muitos fatores, dentre eles o tipo de pele do indivíduo, a localização anatômica do tecido a ser regenerado, a idade do indivíduo, estados de saúde geral e nutricional do indivíduo, tipo de ferida (cirúrgica ou traumática), ressecamento ou não do leito da ferida durante a cicatrização, entre outros (Mandelbaun et al., 2003).
Devido à extrema complexidade e interação de seus eventos, o processo cicatricial pode ser didaticamente subdividido em três fases: inflamatória, proliferativa e de remodelamento. Essas fases são interdependentes e ocorrem simultaneamente (Mandelbaun et al., 2003).
- Fase Inflamatória: inicia-se no momento da lesão tecidual e dura entre 24 a 48 horas. Sua característica é a presença de calor, rubor, edema e dor, podendo haver perda parcial ou total das funções celulares. Nesta fase ocorre a limpeza da área lesada (Lopes, 1999).
- Fase Proliferativa: após a fase inflamatória, inicia-se a fase proliferativa com o aparecimento dos tecidos de granulação. A duração dessa fase é de três dias a três semanas e nela ocorre o preenchimento da lesão pelos macrófagos, fibroblastos, novos vasos, tecido de granulação e células epiteliais. Ocorre a contração da ferida, que reduz em diâmetro. Neste período, o colágeno é imaturo e tem pouca resistência (Lopes, 1999).
- Fase de Remodelamento: maior fase do processo de cicatrização, podendo durar anos. Caracteriza-se por um realinhamento das fibras de colágeno que compõem o tecido cicatricial de acordo com as forças de tensão, às quais a cicatriz é submetida. O tecido assume gradualmente aparência e função próximas do normal (Lopes, 1999).
Os fibroblastos são as principais células envolvidas no processo de reparo tecidual e sua função é a manutenção da integridade do tecido conjuntivo por meio da síntese dos componentes da matriz extracelular. Eles estão sujeitos a mudanças devido às forças mecânicas as quais são submetidos durante a cicatrização e, assim, organizam as fibras colágenas e estão diretamente relacionados à formação do tecido de granulação.
Além de produzirem colágeno, os fibroblastos produzem elastina, fibronectina, glicosaminoglicanas e proteases, responsáveis pelo desbridamento e remodelamento fisiológico da célula (Junqueira e Carneiro, 1999).
Os fibrócitos (fibroblastos inativos) também são considerados importantes no processo cicatricial por contribuírem para o mecanismo de formação do granuloma, na atividade antigênica, na produção de colágeno e na matriz proteica, além de terem participação na remodelagem e na inflamação como fonte rica de citocinas.
Durante a cicatrização, os fibrócitos podem ser recrutados do tecido adjacente não lesado revertendo-se para o estado de fibroblasto e reativando sua capacidade de síntese. Os fibrócitos podem ser encontrados em vários tecidos, tanto em condições fisiológicas quanto patológicas