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Durante muito tempo os filósofos ocidentais explicaram o ser humano como composto de duas partes diferentes e separadas: o corpo (material) e a alma (espiritual e consciente). Chamamos de dualismo psicofísico essa dupla realidade da consciência separada do corpo.
Segundo Platão, antes de se encarnar, a alma teria vivido no mundo das ideias, onde tudo conheceu por simples intuição, ou seja, por conhecimento intelectual direto e imediato, sem precisar usar os sentidos. Quando a alma se une ao corpo, ela se degrada por se tornar prisioneira dele. Passa então a se compor de duas partes :
a) Alma superior (a alma intelectiva)
b) Alma inferior e irracional (a alma do corpo).
Esta, por sua vez, divide-se em duas partes:
· A alma irascível, impulsiva, sede de coragem, localizada no peito;
· A alma concupiscível, centrada no ventre e sede do desejo intenso de bens ou gozos materiais, inclusive o apetite sexual.
Escravizada pelo sensível, a alma inferior conduz á opinião e, consequentemente, ao erro, perturbando o conhecimento verdadeiro. O corpo é também ocasião de corrupção e decadência moral, caso a alma superior não saiba controlar as paixões e os desejos. Portanto, todo esforço humano consiste no domínio da alma superior sobre a inferior.
Não deixa de parecer contraditória essa desvalorização do corpo, se sabemos o quanto os gregos apreciavam os exercícios físicos, os esportes, além de cultuar a beleza do corpo. Não por acaso, a Grécia foi o berço das Olimpíadas, durante as quais até as guerras cessavam e seus artistas esculpiam corpos perfeitos, simétricos e belos.
No entanto, o aforismo “corpo são em mente sã” apenas confirma a superioridade do espírito: na posse de saúde perfeita, a alma se desprende dos sentidos para melhor se concentrar na contemplação das ideias. Caso contrario, a fraqueza física torna-se empecilho maior á vida intelectual. Nesse contexto, fica claro que a felicidade para Platão é de natureza racional e moral, e depende do controle do corpo e das paixões.