• Matéria: ENEM
  • Autor: brunamarxg550
  • Perguntado 7 anos atrás

Analise o seguinte fragmento do diálogo Fedro, de Platão (427-347 a.C.). SÓCRATES: – Vamos então refletir sobre o que há pouco estávamos discutindo; examinaremos o que seja recitar ou escrever bem um discurso, e o que seja recitar ou escrever mal. FEDRO: – Isso mesmo. SÓCRATES: – Pois bem: não é necessário que o orador esteja bem instruído e realmente informado sobre a verdade do assunto de que vai tratar? FEDRO: – A esse respeito, Sócrates, ouvi o seguinte: para quem quer tornar-se orador consumado não é indispensável conhecer o que de fato é justo, mas sim o que parece justo para a maioria dos ouvintes, que são os que decidem; nem precisa saber tampouco o que é bom ou belo, mas apenas o que parece tal – pois é pela aparência que se consegue persuadir, e não pela verdade. SÓCRATES: – Não se deve desdenhar, caro Fedro, da palavra hábil, mas antes refletir no que ela significa. O que acabas de dizer merece toda a nossa atenção. FEDRO: – Tens razão. SÓCRATES: – Examinemos, pois, essa afirmação. FEDRO: – Sim. SÓCRATES: – Imagina que eu procuro persuadir- te a comprar um cavalo para defender-te dos inimigos, mas nenhum de nós sabe o que seja um cavalo; eu, porém, descobri por acaso uma coisa: "Para Fedro, o cavalo é o animal doméstico que tem as orelhas mais compridas"... FEDRO: – Isso seria ridículo, querido Sócrates. SÓCRATES: – Um momento. Ridículo seria se eu tratasse seriamente de persuadir-te a que escrevesses um panegírico do b.urro, chamando-o de cavalo e dizendo que é muitíssimo prático comprar esse animal para o uso doméstico, bem como para expedições militares; que ele serve para montaria de batalha, para transportar bagagens e para vários outros misteres. FEDRO: – Isso seria ainda ridículo. SÓCRATES: – Um amigo que se mostra ridículo não é preferível ao que se revela como perigoso e nocivo? FEDRO: – Não há dúvida. SÓCRATES: – Quando um orador, ignorando a natureza do bem e do mal, encontra os seus concidadãos na mesma ignorância e os persuade, não a tomar a sombra de um b.urro por um cavalo, mas o mal pelo bem; quando, conhecedor dos preconceitos da multidão, ele a impele para o mau caminho, – nesses casos, a teu ver, que frutos a retórica poderá recolher daquilo que ela semeou? FEDRO: – Não pode ser muito bom fruto. SÓCRATES: – Mas vejamos, meu caro: não nos teremos excedido em nossas censuras contra a arte retórica? Pode suceder que ela responda: "que estais a tagarelar, homens ridículos? Eu não obrigo ninguém – dirá ela – que ignore a verdade a aprender a falar. Mas quem ouve o meu conselho tratará de adquirir primeiro esses conhecimentos acerca da verdade para, depois, se dedicar a mim. Mas uma coisa posso afirmar com orgulho: sem as minhas lições a posse da verdade de nada servirá para engendrar a persuasão". FEDRO: – E não teria ela razão dizendo isso? SÓCRATES: – Reconheço que sim, se os argumentos usuais provarem que de fato a retórica é uma arte; mas, se não me engano, tenho ouvido algumas pessoas atacá-la e provar que ela não é isso, mas sim um negócio que nada tem que ver com a arte. O lacônio declara: "não existe arte retórica propriamente dita sem o conhecimento da verdade, nem haverá jamais tal coisa". (Platão. Diálogos. Porto Alegre: Editora Globo, 1962.) Após uma leitura atenta do fragmento do diálogo Fedro, pode-se perceber que Sócrates combate, fundamentalmente, o argumento dos mestres sofistas, segundo o qual, para fazer bons discursos, é preciso A evitar a arte retórica. B conhecer bem o assunto. C discernir a verdade do assunto. D ser capaz de criar aparência de verdade. E unir a arte retórica à expressão da verdade.

Respostas

respondido por: brendaisis
9

Letra a.

Conforme se pode observar, por intermédio da leitura do fragmento acima, os filósofos sofistas eram aqueles que não acreditavam na existência de uma única verdade, sendo esta fator modificável de cultural para cultura, bem como de sociedade para sociedade.

Sendo assim, é correto observar que em cada cultura haverá o que mais parece ser justo. Portanto, o correto não é universal, mas sim, depende de fatores sociais.

respondido por: nutella1unicornio
6

Resposta:

d) ser capaz de criar a aparência da verdade

Explicação:

Plurall

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