Leia o trecho do livro A dança do universo, do físico brasileiro Marcelo Gleiser, para responder à questão 35: Algumas pessoas tornam-se heróis contra sua própria vontade. Mesmo que elas tenham ideias realmente (ou potencialmente) revolucionárias, muitas vezes não as reconhecem como tais, ou não acreditam no seu próprio po-tencial. Divididas entre enfrentar sua insegurança expondo suas ideias à opinião dos outros, ou manter-se na defen-siva, elas preferem a segunda opção. O mundo está cheio de poemas e teorias escondidos no porão. Copérnico é, talvez, o mais famoso desses relutantes heróis da história da ciência. Ele foi o homem que colocou o Sol de volta no centro do Universo, ao mesmo tempo fazendo de tudo para que suas ideias não fossem difundidas, possivelmente com medo de críticas ou perseguição religiosa. Foi quem colocou o Sol de volta no centro do Universo, motivado por razões erradas. Insatisfeito com a falha do modelo de Ptolomeu, que aplicava o dogma platônico do movimento circular uniforme aos corpos celestes, Copérnico propôs que o equante fosse abandonado e que o Sol passasse a ocupar o centro do cosmo. Ao tentar fazer com que o Universo se adaptasse às ideias platônicas, ele retornou aos pitagóricos, ressuscitando a doutrina do fogo central, que levou ao modelo heliocêntrico de Aristarco dezoito séculos antes. Seu pensamento reflete o desejo de reformular as ideias cosmológicas de seu tempo apenas para voltar ainda mais no passado; Copérnico era, sem dúvida, um revolucionário conservador. Ele jamais poderia ter ima-ginado que, ao olhar para o passado, estaria criando uma nova visão cósmica, que abriria novas portas para o futuro. Tivesse vivido o suficiente para ver os frutos de suas ideias, Copérnico decerto teria odiado a revolução que involuntariamente causou. Entre 1510 e 1514, compôs um pequeno trabalho resumindo suas ideias, intitulado Commentariolus (Pe-queno comentário). Embora na época fosse relativamente fácil publicar um manuscrito, Copérnico decidiu não publi-car seu texto, enviando apenas algumas cópias para uma audiência seleta. Ele acreditava piamente no ideal pitagóri-co de discrição; apenas aqueles que eram iniciados nas complicações da matemática aplicada à astronomia tinham permissão para compartilhar sua sabedoria. Certamente essa posição elitista era muito peculiar, vinda de alguém que fora educado durante anos dentro da tradição humanista italiana. Será que Copérnico estava tentando sentir o clima intelectual da época, para ter uma ideia do quão "perigosas" eram suas ideias? Será que ele não acreditava muito nas suas próprias ideias e, portanto, queria evitar qualquer tipo de crítica? Ou será que ele estava tão imerso nos ideais pitagóricos que realmente não tinha o menor interesse em tornar populares suas ideias? As razões que possam justificar a atitude de Copérnico são, até hoje, um ponto de discussão entre os especialistas. (A dança do universo, 2006. Adaptado.) 35) Em "Mesmo que elas tenham ideias realmente (ou potencialmente) revolucionárias, muitas vezes não as reco-nhecem como tais, ou não acreditam no seu próprio potencial" (1° parágrafo), a locução conjuntiva sublinhada pode ser substituída, sem prejuízo para o sentido do texto, por: a) À medida que. b) Ainda que. c) Desde que. d) A menos que.
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Letra b.
A locução que poderia ser utilizada diante do contexto acima, para continuar a apresentação do tema exposto, entretanto, sem perder o sentido primitivo e original da frase, compreende a seguinte: "Ainda que";
Isso porque trata-se de uma locução concessiva, que exprime portanto, uma ideia de concessão. Outras demais locuções que apresentam o mesmo sentido são as seguintes: embora, se bem que, mesmo que..".
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