• Matéria: História
  • Autor: euei37509
  • Perguntado 7 anos atrás

Me ajudem, por favor. os os escravos africanos influenciaram nossa sociedade justifique​

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respondido por: mayconoliveira1177
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1914, ano da eclosão da Grande Guerra, com excepção da Etiópia, da Libéria e da União Sul Africana, que eram independentes, da Líbia e de Marrocos que não tinham sido ainda «formalmente conquistados», o resto do continente africano encontrava-se já ocupado e dividido entre o Reino Unido, França, Alemanha, Portugal, Espanha, Itália e Bélgica. O Reino Unido era então o mais importante poder imperial em África, não apenas em termos de extensão territorial e população mas, também, porque exercia controlo sobre as principais rotas comerciais na região situada a sul do Sahara1.

2Esta nova expansão do império britânico tinha sido iniciada na década de 70 muito por acção do primeiro-ministro Benjamin Disraeli. O chefe de governo britânico tinha avançado com o argumento de que era necessário conquistar novos mercados para garantir o escoamento dos produtos das fábricas inglesas, defendendo, perante a opinião pública, a ideia do império como garante da hegemonia metropolitana. Foi este argumento que foi apresentado, logo em 1815, para justificar o direito de soberania britânica na colónia do Cabo, já que o território era considerado essencial para salvaguardar a defesa das rotas comerciais entre a Grã-Bretanha e a Índia. O primeiro ministro francês e apoiante do colonialismo, Jules Ferry, utilizou o mesmo argumento, em França, na década de 80 do século XIX, argumentando que os interesses estratégicos e económicos, especialmente a necessidade de obter mercados para os produtos da indústria francesa, tornavam imperativa a aquisição de mercados coloniais.

2 Cf. Pádraig Carmody, The New Scramble for Africa, Cambridge, Polity Press, 2011.

3Falar de África nas origens da Grande Guerra, implica por isso uma reflexão em torno das características específicas do sistema económico mundial durante a «Bélle Époque» e das interdependências que, a partir do fim das guerras napoleónicas, começaram a marcar as relações entre a Europa e o resto do Mundo, é nesse sentido que devemos olhar para África, como uma região que, gradualmente, se foi tornando estrategicamente importante. Por isso mais do que controlar/garantir o acesso a determinadas matérias primas a principal preocupação dos governos europeus era conseguir conquistar novos mercados, ainda que, na maioria das vezes, não conhecessem ao certo, e em rigor, o respectivo potencial futuro. Neste sentido, Karl Marx, e depois dele J.A. Hobson e até mesmo Lenine, estavam certos ao apontar a busca global de mercados como um elemento estratégico do capitalismo industrial europeu. Por esta altura assistimos à construção da primeira «economia global» integrada, assente num sistema de trocas que incorporava já as partes mais remotas do planeta. Importa por isso sublinhar a forma como essa «integração» económica, gradual, do continente africano na economia global, acabou por ficar marcada por três questões fundamentais: (i) a crescente rivalidade militar entre a Inglaterra, a Alemanha e a França (ii) a necessidade de, na sequência da Guerra Civil americana, a Europa encontrar novas fontes de abastecimento de algodão e (iii) a tentativa de, através da procura de novos mercados, se superarem alguns dos impactos da depressão económica europeia de 1873-1896. África era nas palavras de Leopoldo II da Bélgica «a magnificent cake which would yield up resources and wealth for Europe»2.

4Pelo menos nesta fase inicial, o interesse e o empenho do Estado

na promoção da expansão ultramarina em África não foi acompanha-

do de igual ambição por parte da iniciativa privada que só começou a despertar para o potencial do continente na década de 90 do século XIX. É comum associarem-se três grandes marcos a esta segunda partilha de África:

A realização, em 1876, por iniciativa de Leopoldo II da Bélgica, da Conferência Geográfica de Bruxelas, que esteve na origem da constituição da Associação Internacional Africana;

A expedição iniciada a 7 de Julho de 1887 pelos portugueses Her-

menegildo Capelo, Roberto Ivens e Serpa Pinto à África Central,

que surgia na sequência da criação, em 1875, por Luciano Cor-

deiro, da Sociedade de Geografia de Lisboa e da organização, pouco tempo depois, na mesma instituição, da Comissão Nacional Portuguesa de Exploração e Civilização de África, encarregada de preparar as primeiras grandes expedições científico-geográficas ao continente;

3 Ver em particular: Godfrey N. Uzoigwe, «Partilha europeia e conquista da África: apanhado geral» in (...)

E um terceiro momento coincidente com as iniciativas expansionistas da III República francesa que decorrem entre 1881 e 1885, quando a Tunísia e Madagáscar se tornaram protectorados franceses3.

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