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Países ricos devem buscar produção de biocombustíveis no Brasil
Agência Estado,
29 nov 1999 - 22:11
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Biodiesel
A estimativa da Agência Internacional de Energia (AIE) de que os biocombustíveis representarão 30% do mercado mundial de combustíveis em 2020 deve fazer com que países ricos busquem no Brasil a produção necessária para seu consumo. Além de vender álcool e biodiesel, o País deve centralizar investimentos desses países ricos na produção destes dois combustíveis.
"Só o Brasil tem área e tecnologia disponível para fornecer esses combustíveis, principalmente o etanol de cana-de-açúcar. É claro que os países vão buscar sua produção aqui", disse Luiz Carlos Corrêa Carvalho, presidente da Câmara Setorial do Açúcar e do Álcool do Ministério da Agricultura. Segundo ele, as estimativas divulgadas pela AIE são relevantes, mas já eram comentadas entre especialistas em energia.
"O fundamental é que as previsões são divulgadas para o mundo todo pela agência mantida pelos países ligados à Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Isso é muito bom, porque caiu a ficha para os países mais ricos do mundo que a qualquer momento deve haver essa explosão de consumo de biocombustível e essas nações deverão estar preparadas", avaliou Carvalho.
Franceses e japoneses já saíram na frente na corrida por investimentos no Brasil. Os europeus já controlam várias unidades produtoras de açúcar e álcool no Centro-Sul do País, principal região produtora mundial do etanol a partir da cana-de-açúcar. É o caso dos grupos Tereos, Sucden e Louis Dreyfus. Já os japoneses devem disponibilizar aos brasileiros, ainda este ano, por meio do Japan Bank for International Cooperation (JBIC), uma linha de crédito de US$ 600 milhões.
O dinheiro será utilizado para a construção de usinas como forma de os orientais garantirem uma produção de álcool para o consumo além de financiarem pesquisas e desenvolvimento no Pólo Brasileiro de Biocombustíveis. Os investidores que forem utilizar os recursos terão uma carência de sete anos para iniciar o pagamento e 25 anos de prazo para saldá-lo com juro de 0,75% ao ano.
Carvalho lembra que a demanda pelos biocombustíveis em 2020 não será apenas na substituição do petróleo, mas ainda na produção de energia. "O bagaço de cana e o biodiesel serão largamente utilizados em termoelétricas e geradores de energia", explicou.
O presidente da Câmara Setorial do Açúcar e do Álcool do Ministério da Agricultura citou também a Bolsa de Nova York (Nybot) como outra fonte que estima a explosão do consumo pelos biocombustíveis. "Hoje são comercializados 40 bilhões de litros de biocombustíveis no mundo e, em 2010, serão 60 bilhões, de acordo com as previsões da Bolsa de Nova York", concluiu.