Respostas
Resposta:
Acredita-se que a história do alfabeto tenha se iniciado no Egito Antigo, quando já havia decorrido mais de um milênio da história da escrita. O primeiro alfabeto consonantal teria surgido por volta de 2000 a.C., representando o idioma dos trabalhadores semitas no Egito (ver Alfabetos da Idade do Bronze Médio), e que foi influenciado pelos princípios alfabéticos da escrita hierática egípcia. Quase todos os alfabetos do mundo hoje em dia descendem diretamente deste desenvolvimento, ou foram inspirados por ele.[1]
O alfabeto mais utilizado no mundo é o alfabeto latino,[2] derivado do alfabeto grego, o primeiro alfabeto ''real'', por designar de maneira consistente letras tanto a consoantes quanto a vogais.[3] O alfabeto grego, por sua vez, veio do alfabeto fenício, que na realidade era um abjad - um sistema no qual cada símbolo representa uma consoante
Explicação:
Por volta do século VIII a.C. os gregos adaptaram o alfabeto fenício para seu próprio idioma,[10] criando no processo o primeiro alfabeto "verdadeiro", no qual as vogais tinham um status igual ao das consoantes. De acordo com as lendas gregas transmitidas pelo historiador Heródoto, o alfabeto teria sido levado da Fenícia para a Grécia por Cadmo. As letras do alfabeto grego eram as mesmas do alfabeto fenício, e ambos eram organizados na mesma ordem.[10] Entretanto, enquanto a presença de letras separadas para vogais teria acabado por atrapalhar a legibilidade do egípcio, fenício ou hebraico, sua ausência é que se tornava problemática para o grego, idioma no qual as vogais desempenham um papel muito mais significativo.[11] Os gregos usaram para representar as vogais algumas das letras fenícias que representavam fonemas do fenício que não tinham equivalentes no grego. Todos os nomes das letras do alfabeto fenício se iniciavam em consoantes, e estas consoantes indicavam aquilo que as letras representavam - fenômeno conhecido como o princípio acrofônico.
Como foi dito, diversas destas consoantes fenícias não existiam no grego, e portanto diversos nomes de letras passaram a ser pronunciados com vogais iniciais. Como o nome da letra supostamente deveria indicar o som desta letra, estas letras passaram a designar vogais no grego. Por exemplo, os gregos não tinham uma oclusiva glotal, ou um h, portanto as letras fenícias ’alep e he se tornaram o alfa e o e (posteriormente epsilon), e designando as vogais /a/ e /e/, no lugar das consoantes /ʔ/ e /h/. Como esta alteração apenas gerou cinco ou seis (dependendo do dialeto) das doze vogais existentes no grego da época, os gregos eventualmente criaram dígrafos e outras modificações, como ei, ou, e o (que se tornou ômega), ou em alguns casos meramente ignoraram esta deficiência, como no caso dos a, i e u longos.[12]
Diversas variantes do alfabeto grego foram desenvolvidas. Uma delas, conhecida como grego ocidental ou calcídico, era utilizado a oeste de Atenas e na Itália meridional. Outra variante, conhecida como grego oriental, foi usado na Ásia Menor (atual Turquia). Os atenienses, por volta de 400 a.C., adotaram esta última variação e eventualmente o resto do mundo grego seguiu este exemplo. Após escrever inicialmente da direita para a esquerda, os gregos eventualmente optaram por escrever da esquerda para a direita (ao contrário do fenício e da maior parte dos idiomas semíticos).
Descendentes
O alfabeto grego, por sua vez, virou a fonte de todas as escritas modernas da Europa. O alfabeto dos dialetos gregos ocidentais arcaicos, nos quais a letra eta continuou a ser um h, deu origem aos alfabetos itálico antigo e romano. Nos dialetos gregos orientais, que não tinham um /h/, o eta tomou o lugar de uma vogal, e permaneceu como tal no grego moderno e em todos os alfabetos derivados destas variantes orientais, como o glagolítico, o cirílico, o armênio, o gótico (que usava letras gregas e romanas) e, talvez, o georgiano.[13]
Embora esta descrição tenha apresentado a evolução das escritas de uma maneira linear, esta é uma visão simplificada. O alfabeto manchu, por exemplo, que descende dos abjads da Ásia ocidental, também foi influenciado pelo hangul coreano, que foi considerado tanto como sendo independente (ponto de vista tradicional) ou ele próprio tendo sido derivado dos abugidas da Ásia Meridional. O georgiano, por sua vez, aparentemente deriva da família aramaica, porém foi fortemente influenciado, em sua concepção, pelo grego. O alfabeto grego é ele próprio, por sua vez, uma derivação dos hieróglifos através daquele primeiro alfabeto semítico, que posteriormente adotou meia dúzia de hieróglifos demóticos adicionais quando passou a ser usado para grafar o egípcio copta (alfabeto copta). O silabário cree, um abugida que parece ser uma fusão do devanágari e da estenografia de Pitman desenvolvida pelo missionário James Evans, uma invenção independente, também tem suas origens na escrita latina cursiva.