AJUDAAA, POR FAVOR.
No livro A paixão transformada, o médico e escritor Moacyr Scliar (1937) fala das modificações que a medicina sofreu ao longo do tempo. Leia o trecho a seguir, a respeito da Mesopotâmia.
A medicina na Mesopotâmia
Várias civilizações desenvolveram-se na região entre o Tigre e o Eufrates, e muitas delas chegaram a um alto grau de sofisticação em termos de arquitetura e arte. Ali surgiram conceitos básicos de matemática; ali foram feitas importantes colaborações à astronomia e à metalurgia. Em termos de saúde e doença, contudo, esses povos compartilhavam a crença geral do mundo antigo, segundo a qual a enfermidade era um castigo imposto pelos deuses aos pecadores. Demônios encarregavam-se de proporcionar males específicos: Nergal trazia a febre, Namtaru, dor de garganta, Tiu, dor de cabeça. Havia divindades da cura, Ningishzida, cujo símbolo era uma cobra de duas cabeças – a serpente viria a se tornar depois o emblema da medicina.
Os médicos da Mesopotâmia recorriam aos métodos divinatórios para descobrir o pecado cometido pelo doente; para isso, inspecionavam as entranhas de animais abatidos para apaziguar os deuses. Os médicos se dividiam em três categorias: o baru encarregava-se dos procedimentos divinatórios, o ashipu realizava o exorcismo e o asu fazia as curas propriamente ditas, nas quais, além de preces e rituais, várias substâncias eram usadas. O Código de Hamurabi mostra que vários tipos de operações eram feitas. Que o resultado nem sempre era satisfatório, mostram as punições prescritas para o caso de fracasso. Cortar as mãos é uma pena até hoje utilizada no Oriente Médio (para ladrões); no caso, destinava-se obviamente a evitar que um doutor desastrado repetisse o erro.
SCLIAR, Moacyr. A paixão transformada: história da medicina na
literatura. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. p. 23-24.
glossário
divinatórios: referente à adivinhação.
a) Estabeleça as relações, presentes no texto, entre doença e religiosidade.
b) As relações dos mesopotâmicos com doenças e curas guardam aproximações e discrepâncias em relação aos dias atuais. Estabeleça uma comparação.
Respostas
A - O texto estabelece relação direta entre a "medicina" praticada na Mesopotâmia e a religiosidade, sendo religiosas (e não científicas) as explicações para a doença e sendo religiosos os "processos de cura". Eram também religiosas as "causas" da doença, associadas com um comportamento moral inadequado.
B - No geral são formas bem diferentes de compreender a doença e a cura, que são quase que totalmente discrepantes. Hoje usamos as modernas teorias de germes, vírus e bactérias, não punimos mais com a morte o médico que comete um erro e nem consideramos que são os pecados que causam as doenças.
Resposta:
a) Para os povos antigos, as enfermidades eram consideradas castigos impostos pelos deuses aos pecadores; demônios encarregavam-se de proporcionar males específicos. Para a cura, os médicos da Mesopotâmia recorriam a métodos divinatórios – que incluíam a observação das entranhas de animais abatidos –, para descobrir o pecado cometido pelo doente, realizavam exorcismo e utilizavam substâncias.
b) As interpretações religiosas sobre doenças e curas ainda estão presentes em nosso dia a dia, mas prevalecem as análises científicas; também é comum, atualmente, a utilização de substâncias para a cura (no caso, remédios e chás), como já se fazia na Mesopotâmia.
Explicação:
plurall