• Matéria: ENEM
  • Autor: Memyslove6473
  • Perguntado 7 anos atrás

Em casa, os amigos do jantar não se metiam adissuadi-lo. Também não confirmavam nada, por vergonhauns dos outros; sorriam e desconversavam. (...) Rubião viaos fardados; ordenava um reconhecimento, um ataque, enão era necessário que eles saíssem a obedecer; o cérebrodo anfitrião cumpria tudo. Quando Rubião deixava o campode batalha para tornar à mesa, esta era outra. Já semprataria, quase sem porcelanas nem cristais, ainda assimaparecia aos olhos de Rubião regiamente esplêndida.Pobres galinhas magras eram graduadas em faisões,assados de má morte traziam o sabor das mais finasiguarias da Terra. (...) Toda a mais casa, gasta, pelo tempoe pela incúria, tapetes desbotados, mobílias truncadas edescompostas, cortinas enxovalhadas, nada tinha o seuatual aspecto, mas outro, lustroso e magnífico.Machado de Assis. Quincas Borba. São Paulo:W. M. Jackson Editores, 1955, p. 317-9 (fragmento).A uns, a ironia no tratamento da cor local e de tudoque seja imediato pareceu uma desconsideração. Faltariaa Machado o amor de nossas coisas. Outros saudaramnele o nosso primeiro escritor com preocupaçõesuniversais. Uma contra, outra a favor, as duas convicçõesregistram a posição diminuída que acompanha a notaçãolocal no romance de Machado, e concluem daí para apouca importância dela. Uma terceira corrente vê Machadosob o signo da dialética do local e do universal.Em Quincas Borba, o leitor a todo o momento encontra,lado a lado e bem distintos, o local e o universal.A Machado não interessava a sua síntese, mas a suadisparidade, a qual lhe parecia característica.Roberto Schwarz. Que horas são? São Paulo: Companhiadas Letras, 1987, p. 167-70.(com adaptações).De acordo com o texto de Roberto Schwarz, acerca darecepção crítica da obra de Machado de Assis, assinale aopção que interpreta corretamente o trecho de QuincasBorba, referente ao delírio do protagonista Rubião.A O aspecto "lustroso e magnífico" que Rubião dava às"cortinas enxovalhadas" acentua a disparidade críticada obra machadiana, que, pela tensão entre local euniversal, descortina a vida nacional.B A divisão da crítica quanto à recepção da obra deMachado de Assis é um falso problema, pois, comose vê em Quincas Borba, o pitoresco e o exotismoromânticos continuam presentes no texto machadiano.C Rubião, incapaz de enxergar a realidade como ela defato era, confirma, com seu delírio, a tendência críticaque vê, na obra de Machado de Assis, uma atitude dedesconsideração para com a realidade nacional.D A identificação de Rubião com o imperador francêscorresponde à da obra de Machado de Assis com osmodelos literários universais, o que reafirma arecepção crítica que saudava a universalidade da obrado escritor.E A ironia machadiana presente na obra Quincas Borba,evidenciada na imagem de as "galinhas magras" setransformarem em "faisões", confirma as opiniõescríticas que concebem a obra de Machado comonegação do aspecto nacional e valorização douniversal.

#ENADE

Respostas

respondido por: jalves26
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De acordo com o texto de Roberto Schwarz, a opção que interpreta corretamente o trecho de Quincas Borba é:

A.  O aspecto "lustroso e magnífico" que Rubião dava às "cortinas enxovalhadas" acentua a disparidade crítica da obra machadiana, que, pela tensão entre local e universal, descortina a vida nacional.

A obra de Machado de Assis era acusada de não refletir uma identidade nacional, ou seja, não apresenta as características mais particulares de nosso povo e cultura.

Já outros críticos consideravam que Machado foi o nosso primeiro autor universalista. Mas outros o enxergam como um símbolo da disparidade entre o local e o universal, pois sua obra criticava aspectos de nossa realidade nacional sob um ponto de vista mais universal.

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