• Matéria: Geografia
  • Autor: SacoDePancada4944
  • Perguntado 7 anos atrás

Na sua opinião, qual a contribuição do uso comparativo de paisagens de uma mesma área em épocas diferentes

Respostas

respondido por: ayalalorraine45
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A produção acadêmica em torno da concepção de Geografia passou por diferentes momentos, gerando reflexões distintas acerca dos objetos e métodos do fazer geográfico. De certa forma, essas

reflexões influenciaram e ainda influenciam muitas das práticas de ensino. Em linhas gerais, suas principais

tendências podem assim ser apresentadas.

As primeiras tendências da Geografia no Brasil nasceram com a fundação da Faculdade de Filosofia

da Universidade de São Paulo e do Departamento de Geografia, quando, a partir da década de 40, a disciplina Geografia passou a ser ensinada por professores licenciados, com forte influência da escola francesa de

Vidal de La Blanche.

Essa Geografia era marcada pela explicação objetiva e quantitativa da realidade que fundamentava a

escola francesa de então. Foi essa escola que imprimiu ao pensamento geográfico o mito da ciência asséptica,

não-politizada, com o argumento da neutralidade do discurso científico. Tinha como meta abordar as relações do homem com a natureza de forma objetiva, buscando a formulação de leis gerais de interpretação.

Essa tendência da Geografia e as correntes que dela se desdobraram foram chamadas de Geografia

Tradicional. Apesar de valorizar o papel do homem como sujeito histórico, propunha-se, na análise da produção do espaço geográfico, estudar a relação homem-natureza sem priorizar as relações sociais. Por exemplo, estudava-se a população, mas não a sociedade; os estabelecimentos humanos, mas não as relações

sociais; as técnicas e os instrumentos de trabalho, mas não o processo de produção. Ou seja, não se discutiam

as relações intrínsecas à sociedade, abstraindo assim o homem de seu caráter social. Era baseada, de forma

significativa, em estudos empíricos, articulada de forma fragmentada e com forte viés naturalizante.

No ensino, essa Geografia se traduziu, e muitas vezes ainda se traduz, pelo estudo descritivo das

paisagens naturais e humanizadas, de forma dissociada do espaço vivido pela sociedade e das relações

contraditórias de produção e organização do espaço. Os procedimentos didáticos adotados promoviam

principalmente a descrição e a memorização dos elementos que compõem as paisagens sem, contudo, esperar

que os alunos estabelecessem relações, analogias ou generalizações. Pretendia-se ensinar uma Geografia

neutra. Essa perspectiva marcou também a produção dos livros didáticos até meados da década de 70 e,

mesmo hoje em dia, muitos ainda apresentam em seu corpo idéias, interpretações ou até mesmo expectativas

de aprendizagem defendidas pela Geografia Tradicional.

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