porque o futebol é cultura?
qual a importancia do futebol na sociedade?
qual a identidade do futebol?
respostas longas
Respostas
Resposta:
Explicação:
Qual é o papel do futebol na formação da identidade brasileira? Essa é uma relação que a princípio pode parecer fácil de se estabelecer, mas isso vem se tornando mais difícil nos últimos anos, graças a um sensível afastamento de parte da população do esporte, principalmente devido a fatores como os recentes fracassos da seleção brasileira, a tendência à elitização dos estádios, queda do nível dos campeonatos nacionais e estaduais, principalmente após nova onda de ataques financeiros vindos de “novos mercados do futebol”, como a China, além da falta de apoio e estrutura para o futebol feminino e para a prática do esporte em outros níveis, como o futebol de base e de várzea. Todos esses fatores vêm contribuindo para que o brasileiro se distancie cada vez mais do esporte do qual já foram considerados o país-símbolo. Compreender a participação do futebol na construção da identidade brasileira e em diversos momentos de mudanças marcantes na história do Brasil é fundamental para a luta pela volta de um futebol verdadeiramente democrático, onde haja espaço para todos os tipos de pessoas e onde todos possam se manifestar livremente, pois afinal o futebol também é um espaço de manifestação, tanto política quanto de qualquer outra natureza. Compreender a função política, social e cultural do esporte torna evidente a urgência da defesa de um futebol para todas e todos, que pertença a quem realmente o sente, mais do que o vê. Um futebol que seja independente de empresários e que não esteja a serviço do lucro de cartolas e emissoras de televisão, que sirva, além de espaço cultural e de lazer, também como espaço de livre manifestação de todos que frequentam as arquibancadas espalhadas pelo país.
Histórico do futebol nacional
Para entender como o futebol alcançou esse patamar de elemento formador da identidade nacional, é preciso examinar a presença do futebol em momentos marcantes da história, e como ele foi elemento importante da construção de um imaginário social brasileiro. O futebol começou a difundir-se em terras tupiniquins durante as primeiras décadas do século XX, com os grandes fluxos migratórios de imigrantes europeus que chegavam ao país. Consigo traziam a herança futebolística, que com Charles Miller obteve as bases para que se estruturasse e desenvolvesse. A chegada do futebol no Brasil, portanto, aconteceu num momento histórico tenso, em que a escravidão havia acabado de ser abolida. No entanto, os quase 400 anos dessa prática vergonhosa deixaram profundas marcas na sociedade brasileira, que são sentidas até hoje, e o futebol certamente não escapou disso. Os primeiros clubes brasileiros à época não aceitavam negros em suas equipes, que ainda disputavam campeonatos de nível amador. Clubes que aceitavam negros disputavam campeonatos entre si, separados das demais equipes. O futebol refletia, assim, as tensões sociais que percorriam o país. Foi nesse contexto que a Liga de Amadores de Futebol criou o jogo “Preto x Branco”, que consistia em partidas anuais entre duas equipes, uma composta por atletas negros e outra por brancos. Ainda que a LAF tenha criado a partida sem fins lucrativos (na verdade parte da renda foi destinada à Associação dos Homens de Côr), é curioso que essa iniciativa tenha partido dela, já que era formada por dissidentes da APEA, entidade que organizava o futebol no estado de São Paulo, de maneira que ainda tinha mantinha laços com o elitismo do esporte (a ruptura se deu pois a APEA via com bons olhos a profissionalização do futebol, o que os dissidentes rejeitavam, pois a manutenção do amadorismo esportivo era uma maneira de distinguir as elites das camadas populares).