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Entre as acusações feitas a Espinosa, Ateu talvez seja a mais previsível. Vejam, o que mais poderiam dizer, no século XVII, de um filósofo que escreve “Deus é a natureza”? Que ia ainda mais longe ao dizer que os profetas são apenas homens de viva imaginação e que que os dogmas se mantém apenas por hábito. Claro que isso não poderia ser bem recebido.
A introdução do Tratado Teológico Político levanta uma bandeira de resistência para toda a filosofia. Lá, Espinosa apresenta um projeto de separar a filosofia da religião, assim como retirar da política a teologia. Como ele pretende fazer isso? Estudando de maneira racional e histórica as escrituras. Dissecadas etimologicamente e filologicamente as histórias sagradas acabam por se tornar estórias antigas.
Espinosa percebeu melhor do que ninguém que um Deus empoderado significa um império da ignorância. Enquanto o povo acreditar que Deus é um soberano poderoso, viverá amedrontado sob o jugo de interesses alheios como os dos monarcas e profetas. Se a busca é por um conhecimento libertador, o dever do filósofo é desconfiar de um Deus assim.