Q122 - Pote Cru é meu pastor. Ele me guiará. / Ele está comprometido de monge. / De tarde deambula no azedal entre torsos de / cachorro, trampas, trapos, panos de regra, couros, / de rato ao podre, vísceras de piranhas, baratas / albinas, dálias secas, vergalhos de lagartos, / linguetas de sapatos, aranhas dependuradas em / gotas de orvalho etc. etc. / Pote Cru, ele dormia nas ruínas de um convento / Foi encontrado em osso. / Ele tinha uma voz de oratórios perdidos.
(BARROS, M. Retrato do artista quando coisa. Rio de Janeiro: Record, 2002).
Ao estabelecer uma relação com o texto bíblico nesse poema, o eu lírico identifica-se com Pote Cru porque
A) entende a necessidade de todo poeta ter voz de oratórios perdidos.
B) elege-o como pastor a fim de ser guiado para a salvação divina.
C) valoriza nos percursos do pastor a conexão entre as ruínas e a tradição.
D) necessita de um guia para a descoberta das coisas da natureza.
E)
Respostas
Manoel de Barros estabelece uma relação com o texto bíblico em seu poema, pois se identifica com Pote Cru ao o acompanhar na opção pela insignificância das coisas. Alternativa E.
A intertextualidade em Pote Cru - Retrato do artista quando coisa
Manoel de Barros inspirou-se no Salmo bíblico 23, que dentre outras coisas, fala sobre a plena confiança em Deus que faz as pessoas o acompanharem, e a se sentirem plenas e confiantes apenas movidas por sua fé.
Manoel de Barros fala então sobre a banalização da fé, criticando aqueles que acreditam e seguem algo sem verdadeiramente confiar, assim como ele com Pote Cru, ao segui-lo sem critérios, entrando mesmo em confusões e demais situações precárias, algo que contrasta com o texto inspiração para o autor que fala sobre plenitude.
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