Indo para a escola nova
Lá estava eu. Ainda me lembro...
Desci do carro e dei de cara com o novo. Segui pela rua, em linha reta. Ela me parecia muito maior do que ontem, quando fiz o mesmo trajeto de mãos dadas com minha mãe.
Mas, naquela hora, estava só. A cidade de São Paulo que eu via sempre da janela do carro estava agora sob meus pés, ao alcance da minha mão...
Estava por minha conta, com minha mochila nas costas rumo ao meu primeiro dia de aula na escola nova.
Estava por minha conta... Era estranho. Não havia ninguém para me dizer o que fazer.
Eu não sabia se devia estar assustado, mas estava feliz, sentindo-me muito importante.
Era muito interessante ver aquelas pessoas apressadas. Algumas comiam enquanto andavam.
Acho que não tinham almoçado como eu... Outras paravam nos pequenos bares e compravam seus lanches recheados de ketchup e mostarda com refrigerante. Refrigerante!
Não resisti quando dei com o olho naquele cartaz da Coca-Cola: a garrafa inclinada, derramando o líquido escuro no copo gelado... Parecia diferente de todas as outras que eu já tinha bebido. Entrei na lanchonete e resolvi começar a gastar o meu dinheiro do lanche comprando uma Coca-Cola gelada de garrafinha. O copo era igualzinho ao da foto.
Achei o máximo poder imitar a imagem e fazer o que “me dava na telha”.
Precisei sentar no banquinho até acabar com o refrigerante. Julguei que não daria muito certo sair com aquela embalagem de vidro na mão.
Ao meu lado, estava um casal – também influenciado pela propaganda – combinando o que serviriam na barraquinha que eles montavam todos os anos na festa da igreja da padroeira do bairro. Eu me perdi prestando atenção naquela conversa. Eles falavam muito alto e de um jeito engraçado. Quando eu ouvi o homem – com aquela voz cantada – perguntar se ela achava que o sucesso da festa se repetiria, pensei que eu poderia estar diante de um dos exemplos que minha professora de português ensinou no ano passado...
Mas quando ela respondeu, cheia de segurança: “Claro, belo, nóis é da Mooca!”, eu tive a certeza. Senti saudades da professora, da escola...
Da escola! Quase caí da banqueta!
O relógio da parede denunciou meu erro... Guardei a carteira na mochila e saí correndo rua afora. Atravessei e me vi diante da passarela que me levaria à estação do metrô, às catracas, ao trem... Cheguei a tremer sem saber se era por estar sozinho ou por pavor de chegar atrasado.
Passei meu bilhete, corri escada abaixo; o trem parou, entrei pela porta, que na hora me pareceu uma boca de leão, e sentei.
Agora é só esperar...
SOARES, Lourdinha
1) A ação, nos textos narrativos, apresenta quatro momentos. Identifique-os no texto.
A situação inicial: ___________________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________
O conflito:
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O clímax:
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O desfecho:
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2) Em relação ao tempo e ao espaço:
a) Em que cidade e em que estado se desenrola a ação?
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b) O narrador cita um antigo bairro da cidade de São Paulo. Mesmo que você nunca tenha ouvido falar nele, dá para descobrir. Qual é?
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c) Onde o narrador se encontra no momento da ação?
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d) Qual é o tempo da narrativa: presente ou passado?
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e) Em que momento do dia se passa a ação?
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Respostas
respondido por:
9
Resposta:
1. a) O descer do carro e se deparar, sozinho, com a rua movimentada de São Paulo
b) o conflito se deu a partir da fala da moça que o fez lembrar que estava atrasado.
c) a corrida até a estação de trem e mode de estar sozinho.
d) a chagada à tempo para pegar o trem seguida de tranquilidade.
2. a) Cidade São Paulo, no estado de São Paulo.
b) não
c) estava na rua indo para a estação pegar o trem que o levaria à escola nova.
d) tempo passado.
e) perto de meio dia.
Explicação:
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