O poema rio: o ir, de Arnaldo Antunes, é tanto um poema para ser lido como
para ser visto. A respeito do curioso título do livro em que está inserido – Dois ou mais corpos no mesmo espaço -, assim
se expressou o poeta em depoimento à revista Cult (novembro de 1997):
“…[é] um procedimento formal, que se foi tornando recorrente em minha poesia: o fato de mais um vocábulo ocupar o
mesmo espaço sintático. [Esse procedimento] apareceu a partir de cortes de palavrass. Um corte numa palavra faz
aparecer uma outra parte dela que já é uma outra palavra”.
1. Antunes trabalha com as palavras como se estivesse “armando” um jogo: ele as articula intencionalmente de
modo que elas sugiram leituras variadas. Entre nesse jogo. Tomando a forma do poema como um todo, como
você o interpreta?
2. Observe, agora, as particularidades da figura desenhada por Antunes: há um o no centro. O que pode ser?
3. Partindo de uma leitura de fora para dentro do poema, vemos que em todas as direções forma-se a expressão
“rio: o ir”, graças a uma estrutura que aproveita e desmembra as letras da palavra rio. Consulte o dicionário: o
que essa palavra significa, concretamente? A definição pode ser útil para a interpretação do poema?
4. Segundo o crítico literário Antonio Medina Rodrigues “Não há autoridade nos processos genuinamente
inventivos” – ou seja, não importa se o artista deseja provocar determinada leitura de sua obra, pois a
interpretação depende de um jogo. O que ele quis dizer com isso?
5. A interpretação de uma obra é sempre uma revelação. Considerando as leituras possiveis do poema rio: o ir,
construa amo menos uma frase que aponte o que o poema lhe revelou.
Respostas
Resposta:
Vou colocar somente as respostas
1 )“Ninguém desce duas vezes o mesmo rio, o homem que volta ao mesmo rio, nem o rio é o mesmo rio, nem o homem é o mesmo homem, nós não podemos nunca entrar no mesmo rio, pois como as águas, nós mesmos já somos outros”.
Ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio, pois quando nele se entra novamente, não se encontra as mesmas águas, e o próprio ser já se modificou. Assim, tudo é regido pela dialética, a tensão e o revezamento dos opostos. Portanto, o real é sempre fruto da mudança, ou seja, do combate entre aos contrários. Tudo flui, nada persiste nem permanece o mesmo.
2) Na construção artística mencionada, salienta-se a estrutura poética formada por base da dupla apresentação: o poema visual é exibido a partir da palavra rio, disposta de forma circular para, infere-se, aludir ao caráter cíclico e contínuo das águas, em metáfora à vida, ao qual os rios levam ao mar (como um ralo natural) que é, simultaneamente, ponto de partida e de chegada; sucessivo e sequente.
3) Explorei a simultaneidade que se tem ao ler uma palavra em movimento e ao mesmo tempo ao escutar outra palavra, ao atritar as duas vias de recepção verbal. Estava muito seduzido pela inserção de movimento na escrita e na poesia visual e ainda assim inserir movimento, a dimensão do tempo.
4) Com o /R/, temos "rio: o ir". Será esse o curso "heraclítico" dos rios? Sim. Mais: aquele "o ir", sem deixar de ser o que já é, também pode ser oir -ouvir: ouvir o rio.
A poesia visual é a tentativa de mostrar o agora, experiência desoprimida de qualquer discurso ou preconceito. Como tal, é inesgotável. Além do mais, a poesia é cosmológica. Vale dizer: sua existência não depende do que pensamos que ela seja.
5) Que nós não somos os mesmos depois de uma primeira conversa, tudo flui em um movimento do universo.
Espero ter ajudado!!
Respostas das alternativas sobre o poema rio:
1-) O interpreto da seguinte maneira: Ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio, pois quando nele se entra novamente, não se encontra as mesmas águas, e o próprio ser já se modificou. Assim, tudo é regido pela dialética, a tensão e o revezamento dos opostos. Portanto, o real é sempre fruto da mudança, ou seja, do combate entre aos contrários. Tudo flui, nada persiste nem permanece o mesmo.
2-) Pode ser uma estrutura poética formada por base da dupla apresentação: o poema visual é exibido a partir da palavra rio, disposta de forma circular para, infere-se, aludir ao caráter cíclico e contínuo das águas, em metáfora à vida, ao qual os rios levam ao mar (como um ralo natural) que é, simultaneamente, ponto de partida e de chegada; sucessivo e sequente.
3-) A palavra rio significa curso de água natural. A definição pode ser útil para interpretação do poema pois, por meio de metáfora, rio significa estar em movimento, ou seja, algo que está dando dimensão ao tempo, de acordo com o poema.
4-) Ele quis dizer que a poesia visual é a tentativa de mostrar o agora, experiência desoprimida de qualquer discurso ou preconceito.
5-) Frase em que o poema me aponta o que ele me revelou: "Que nós não somos os mesmos depois de uma primeira conversa, tudo flui em um movimento do universo."
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