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Muito se fala sobre a manipulação política atribuída ao governo russo durante as eleições de 2016 nos Estados Unidos como mecanismo auxiliar na eleição de Donald Trump à Casa Branca. Os EUA, entretanto, nem de longe são o único país a sofrer com esse tipo de mal, com nada menos do que 48 nações tendo campanhas de desinformação em andamento ou já finalizadas com o intuito de fomentar a eleição de um candidato ou minar outro.
Os dados são do Instituto Oxford de Internet, ligado à universidade inglesa de mesmo nome, que emitiu alerta sobre o crescimento desse tipo de comportamento em todo o mundo. De acordo com a instituição, esse total quase dobrou ao longo dos últimos três anos, uma demonstração de que o uso das redes sociais para desinformação, disseminação de fake news e manipulação é cada vez mais frequente, principalmente durante as campanhas políticas.
No estudo, o instituto apontou um crescimento vertiginoso nesse tipo de prática durante os meses que antecedem eleições, com dezenas de milhões de dólares sendo gastos nessas práticas. Cresceu, também, o número de partidos políticos e candidatos utilizando tais artimanhas, cujas práticas, entretanto, não mudaram tanto desde os tempos da eleição de Trump e do referendo relacionado à saída do Reino Unido da União Europeia. Anúncios tendenciosos, bots para compartilhamento de conteúdo e a fabricação de notícias falsas continuam sendo os três vetores principais em campanhas de desinformação política.
Os robôs, inclusive, são os mecanismos mais populares, aparecendo em redes sociais, comentários de portais e também compartilhando fake news por meio de mensageiros. Tais bots atuam aos milhares e são otimizados para utilizarem palavras-chave interessantes e fazerem bom uso de algoritmos, além de denunciarem conteúdos legítimos, mas contrários, como forma de poluir as ferramentas de moderação e dificultar o trabalho de identificação por parte dos serviços.
Na mesma medida, iniciativas das autoridades para conter o problema não vêm se provando eficazes. Isso porque, para o instituto, o trabalho é duro e envolve a criação de “contra-narrativas”, além de contar com o interesse da própria sociedade em buscar ferramentas de checagem de fatos ou pesquisar a informação que estão levando adiante. E todos sabemos que, em um ensejo no qual uma suposta fonte fala exatamente o que se quer ouvir, o desconfiôMetro acaba sendo ligado em nível mais baixo.
Também há de se levar em conta o alcance orgânico das fake news, que muitas vezes chegam às pessoas por meio de mensageiros ou textos privados – ou seja, enviados por pessoas conhecidas e que inspiram credibilidade. Mais um motivo para que a checagem não aconteça antes de um novo compartilhamento, que aumenta a bola de neve e contribui para a campanha de manipulação.
Oxford também aponta para a utilização de mecanismos de checagem e moderação por governos ditatoriais e partidários da censura, o que acaba por minar a credibilidade das ferramentas que poderiam contribuir para o exato oposto. Diante desse tipo de postura, se reduz ainda mais a iniciativa de checagem na mesma medida em que informações que fogem da cobertura tradicional soam como “vozes de liberdade”.
Apesar disso, a visão do instituto é relativamente positiva. O estudo conclui que, na medida em que governos e instituições civis tomam atitudes contra os problemas, devem surgir tecnologias que auxiliem nesse combate e, em um futuro não tão distante, ajudem a minar as fake news e campanhas organizadas de desinformação. As mentiras, claro, sempre irão existir, mas seu alcance pode ser drasticamente reduzido.