O texto a seguir foi extraído de uma reportagem da Folha de S.Paulo, tratando da polêmica entre Alan Moore, um dos autores da história em quadrinhos V de Vingança, e o diretor do filme homônimo realizado com base nela, James McTeigue.
Cinema × HQ
Diretor de V de Vingança, baseado nos quadrinhos do inglês Alan Moore, rebate críticas e diz que seu filme tem realidade própria
[…] Moore, brigado com Hollywood e com a indústria de HQs, afirmou em entrevistas à imprensa internacional que o roteiro é “um lixo” e que seu texto, uma espécie de manifesto pró-anarquia, foi deturpado […]
Em entrevista à Folha, por telefone, o diretor Mcteigue falou sobre as modificações que foram feitas na história original e rebateu as críticas de Alan Moore.
[…]
Folha – O roteiro muda diversos aspectos da história original, principalmente a personagem Evey. Por que essas mudanças?
McTeigue – Achei que, fazendo Evey um pouco mais velha, mais consciente e independente, sua postura contra V seria mais interessante. na HQ ela é quase uma vítima que se apaixona por seu sequestrador, achei que isso era muito ingênuo, que, se acontecesse com uma garota nos dias de hoje, não seria assim, por isso mudamos. a HQ funcionava na época em que foi escrita, mas já passamos daquele tempo.
Folha – Houve algum aspecto da HQ original que o senhor tenha sido forçado a mudar?
McTeigue – sempre há coisas que você gostaria de manter, mas acaba tendo que cortar, não é possível fazer uma filmagem exata da história original. Gosto de alguns personagens da HQ que acabaram não entrando, mas que estão no filme de outra forma. Decidimos concentrar a trama em Evey, em V e no detetive Finch.
Folha – O sr. leu as críticas de alan Moore ao filme? Em entrevista ao New York Times, ele disse que o roteiro era um lixo.
McTeigue – acho que, a menos que tivéssemos feito uma adaptação página por página da HQ, Alan Moore nunca ficaria satisfeito. […]
Você concorda com a argumentação do diretor de que “não é possível fazer uma filmagem exata da história original”? Explique sua resposta relacionando-a com o que foi visto a respeito da influência dos suportes na constituição dos textos.
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A argumentação do diretor de que “não é possível fazer uma filmagem exata da história original" é compreensível e aceitável, visto que as histórias em quadrinhos por muitas vezes possuem elementos culturais temporais, isto é, que fazem sentido na época em que foram produzidas.
Por isso é preciso realizar algumas adaptações às histórias em quadrinhos quando elas se transformam em filmes, fazendo com que o público compreenda melhor a história e seja capaz de apreciá-la, ainda que grande parte das pessoas não tenham lido as HQs.
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