• Matéria: Filosofia
  • Autor: carlosedu0610
  • Perguntado 6 anos atrás

o que Platão entendia de justica politica? ​

Respostas

respondido por: MoisesCan
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Resposta:

Em A República de Platão, livro escrito por volta de 380 a.C, Platão através de sua personagem principal Sócrates que se utiliza de uma metodologia chamada de maiêutica, a qual consiste em fazer diversas perguntas ao seu interlocutor auxiliando o mesmo encontrar suas próprias verdades, busca conceituar diversos assuntos pertinentes inclusive a Justiça, princípio o qual influencia diretamente e indiretamente a história da humanidade.

O presente trabalho tem como objetivo definir o que é Justiça para Platão contradizendo a tese de seus adversários.

 em busca de conceituar a justiça, Platão tem como princípio que a justiça é absoluta, então toda ação deve ser justa ou injusta.

temos no primeiro debate do livro sobre justiça, Sócrates contra Céfalo, para este último a justiça é nunca mentir e sempre devolver aquilo que lhe tomou, Sócrates vai rebater essa ideia dizendo que se justiça é algo absoluto não deverá haver exceções, ou seja, em determinadas ocasiões a mentira é necessária pensando no bem do outro, já devolver aquilo que tomou também não é uma tese absoluta, por exemplo se um amigo empresta uma arma a outro e depois a quer de volta para fazer algo mal a alguém seria injusto devolver aquilo que lhe tomou.

No segundo debate temos Polemarco, filho de Céfalo, o qual diz que ser justo é ajudar os amigos e prejudicar os inimigos e, Sócrates diz que essa tese é antagônica, pois roubar um amigo é ser injusto e um inimigo é ser justo como alguém pode ser justo e injusto em uma mesma ação. A segunda refutação que ele faz é que a amizade é algo passível de erro, pode-se prejudicar um amigo pensando que o mesmo é um inimigo. A terceira e última refutação, a Polemarco é a ideia de que a justiça é algo virtuoso e positivo, ela não comporta fazer o mal.

A terceira tese que Sócrates irá refutar é a de Trasímaco, um sofista, que defende a justiça como a conveniência do mais forte.

A primeira contestação que Sócrates irá fazer é que a justiça sendo absoluta ela não pode ficar à mercê da vontade do mais forte.

A segunda contestação é baseada no erro do mais forte, ele pode errar fazendo algo achando que será benéfico a ele, porém acabar se prejudicando.

Depois de refutado, Trasímaco apresenta uma nova tese que diz, em síntese, que a injustiça compensa e que o injusto é sempre mais feliz que o homem justo.

Logo após a nova tese de Trasímaco, Glauco como se fizesse um adendo diz que o homem é injusto, de per si, e usa a alegoria de Giges para justificar sua asserção, o homem é justo porque é coagido a assim ser, ou seja, a justiça não passa de uma convenção social, imposta ao indivíduo.

Um novo interlocutor, Adimanto, defende o seguinte enunciado, que o justo é o fraco, porque se fosse forte e capaz ele cometeria injustiças e o que importa não é ser justo, mas parecer ser justo, finalizando sua tese, Adimanto defende que o caminho da justiça é oneroso, já o caminho da injustiça é fácil.

Sócrates para rebater todas essas teses conceitua justiça a partir do homem dentro da polis, podemos dividir a alma do homem em três partes: razão, coragem e temperança. A primeira é a busca pela verdade a inteligência o poder reflexivo, a segunda é a proteção dos corpos, a arte da guerra e a terceira são os desejos da carne.

Toda alma do homem pode ser tripartida, assim todos somos racionais, corajosos e desejosos, em escalas diferentes.

A cidade justa, para Platão, é cada indivíduo, de acordo com sua maior aptidão, ocupar seu lugar dentro da polis. Aquele com maior sabedoria deve governar a cidade, o mais corajoso irá compor o exército e o temperado deve trabalhar. O justo é aquele que exerce seu lugar na polis dentro de sua aptidão.

A alma sendo harmônica logo será justa, então o justo é mais feliz que o injusto, pois essa harmonia trará uma paz interior e um equilíbrio à vida do homem, a justiça compensa na medida em que é o caminho a uma vida plena.

Tão pouco, a justiça, segundo Sócrates, será uma questão de aparência ou coerção social, pois a justiça parte da alma harmônica do homem, ou seja, do seu interior. Sócrates continua a rebater dizendo que o justo não é o mais fraco, porque a desordem é mais fraca que a ordem, fazer a ordem necessita de uma força maior e o caminho do justo é mais fácil, a partir do momento que o justo se sente realizado por elevar sua verdadeira aptidão, não havendo arrependimentos futuros por não a realizar.

No presente trabalho podemos identificar que para Platão a justiça é sábia, harmônica e feliz, na medida em que a negação da mesma é a injustiça, inculta, desarmônica e infeliz.

Ante tal premissa, analisamos a justiça em duas partes: i) a primeira na cidade. Desse modo, para a mesma ser justa necessita-se que cada indivíduo cumpra a sua função: os filósofos devem governar, os guerreiros protegê-la e os temperados trabalhar como artesões e comerciantes; ii) a segunda, na realização do homem. Assim, estando este em equilíbrio com as aptidões de sua alma, ter-se-á a realização da justiça.

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