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O tempo de trabalho é uma noção central para a análise marxista da sociedade capitalista. De Karl Marx aos nossos dias, a discussão sobre a redução do tempo de trabalho ganhou várias interpretações. Entre elas está aquela que aponta para a progressiva redução do tempo de trabalho. Progressiva, nesse caso, não é entendida com base em sua própria contradição, isto é, como uma necessidade do capital para sua valorização, mas sim como um processo de redução crescente do tempo do trabalho que no limite colocaria a relação de capital em xeque. A partir dessa interpretação, a tendência de redução do tempo de trabalho anunciaria à extinção das relações de produção capitalistas. Estaríamos, com isso, diante de uma perspectiva que se fundamenta em um automatismo social e, portanto, que pressupõe o fim do capitalismo de maneira determinista. Retomando as implicações mais centrais que a reestruturação produtiva, chamada de toyotista, proporcionou, sobretudo aquelas relativas à substituição massiva de trabalhadores por tecnologia informacionais e microeletrônicas, temos como objetivo desse artigo revisitar a noção de tempo de trabalho, tentando, com isso, demonstrar a fragilidade das teses que pressupõe um esgotamento estrutural da sociedade capitalista como fruto de um automatismo do movimento interno de reprodução do capital. Concluímos que estas teses, na prática, mistificam o papel central da luta de classes, primeiro, como elemento determinante do processo de constituição das forças produtivas capitalistas e, segundo, para a superação da subalternidade do trabalho em relação ao capital.
Palavras-chave: tempo de trabalho, automatismo social, pós-grande indústria, trabalho produtivo, trabalho improdutivo, valor-trabalho.