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A pecuária adquiriu um lugar de expressão na economia gaúcha. Os seus produtos destinavam-se basicamente ao mercado interno. Desde o século XVIII, a criação de mulas supria as necessidades de transporte do centro-sul, inicialmente na região das minas e depois na área cafeeira, antes da construção das ferrovias. No entanto, foram as estâncias de criação do gado bovino que marcaram profundamente a paisagem do Rio Grande do Sul.
Antes da generalização do processo de transformar a carne em charque (carne-seca), no início do século passado, as reses eram abatidas para a retirada do couro, pois este ocupava um lugar expressivo na pauta de exportação. A carne, menosprezada até então, tornou-se importante. O charque era um produto destinado ao consumo da população pobre e dos escravos do Sudeste, em especial da lavoura cafeeira.
As primeiras charqueadas surgiram, no final do século XVIII, em Pelotas, próximo às regiões de criação de gado e ao porto do Rio Grande por onde se escoava a produção. As charqueadas utilizavam mão-de-obra escrava, como as estâncias. O crescimento das charqueadas ampliou sensivelmente a população escrava no Rio Grande do Sul, chegando a representar 25% do total, no final da década de 1850. A relação entre a pecuária e as charqueadas consolidou o poder das elites estancieiras e charqueadoras no Rio Grande do Sul .
O declínio da produção de charque decorreu da abolição do tráfico de escravos africanos, em 1850, que ocasionou dificuldades na reposição da mão-de-obra e abalou a demanda do mercado pelo produto, pois era a base de alimentação do cativo. A concorrência dos produtores platinos, já organizados em bases capitalistas, contribuiu para acelerar a crise das charqueadas gaúchas.
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