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A Europa está, ainda, no meio de um dilema. Os Estados Unidos não. Já decidiram considerar que a China, é um inimigo comercial. Os EUA são o maior parceiro de negócios europeus. A China, o segundo. É esse perigo –o da guerra comercial entre esses dois maiores parceiros– que preocupa o ministro português dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva: “Para nós europeus, esse é um dos grandes riscos que o mundo corre. Um cenário de guerra comercial traria efeitos muito negativos sobre o crescimento econômico mundial e tem hipóteses de provocar efeitos indesejáveis também na geopolítica.”
Foi para perceber se este dilema é real, e se houve, de fato, “ingenuidade” na Europa, que o consórcio Investigate Europe (que o DN integra) visitou, nos últimos meses, alguns dos principais locais onde o investimento chinês é mais relevante. Entrevistamos governantes, diplomatas, economistas, historiadores, empresários chineses e retivemos uma das perguntas mais frequentes: deve a Europa temer a China?
Gestores e sindicatos elogiam
Os investidores da China compraram mais de 160 empresas europeias de ponta, por preços entre os 100 milhões e os 50 bilhões de dólares. O pico dessa chegada em força da nova China “global” foi em 2016. De então para cá, o investimento direto tem diminuído, na proporção inversa do receio europeu. Por isso fomos ouvir gestores e funcionários dessas empresas compradas pela China, da Noruega à Itália. A apreciação é positiva: as empresas compradas estão em melhor situação hoje do que antes da venda. Além disso, os investidores chineses "geralmente aderem às leis e acordos coletivos", explica o sindicalista alemão Rüdiger Luz, chefe do departamento de política empresarial do poderoso sindicato IG Metall.
Em Portugal, António Mexia chegou a temer que a chegada da China Three Gorges significasse uma mudança profunda na administração da EDP, e talvez a sua saída. Mas não é essa a rotina. Os investidores chineses tentam ser discretos, mesmo quando os seus milhões causam espanto.
Um exemplo disso é a empresa estatal chinesa ChemChina. Com vendas anuais de cerca de 30 bilhões de euros, a empresa comprou o grupo italiano de pneus Pirelli, o especialista francês em enzimas Adisseo, o produtor norueguês de silicone Elkem, o fabricante suíço de produtos químicos agrícolas Syngenta e o líder do mercado mundial alemão de máquinas de processamento de plástico Kraus-Maffei.
Após a aquisição da marca italiana, por mais de 7 bilhões de euros, em 2015, o CEO da Pirelli, Tronchetti Provera, está convencido de que o negócio foi "o melhor" possível. "Caso contrário, teríamos caído nas mãos dos concorrentes, e isso teria sido o fim da Pirelli."