No livro A cabra vadia: novas confissões, Nelson Rodrigues inicia a crônica "Os dois namorados" com a seguinte afirmação: "há coisas que um grã-fino só confessa num terreno baldio, à luz de archotes, e na presença apenas de uma cabra vadia." Na crônica "Terreno baldio" ele recorre ao mesmo animal para explicar a ideia que teve de criar "entrevistas imaginárias": "Não podia ser um gabinete, nem uma sala. Lembrei-me, então, do terreno baldio. Eu e o entrevistado e, no máximo, uma cabra vadia. Além do valor plástico da figura, a cabra não trai. Realmente, nunca se viu uma cabra sair por aí fazendo inconfidências." O caráter confessional associado à figura da cabra nas crônicas tem relação com a) a veracidade dos depoimentos que o cronista testemunha nas entrevistas. b) a impostura dos contemporâneos que são objeto dos comentários do cronista. c) a antipatia do jornalista no que diz respeito à busca de identidade dos artistas entrevistados. d) a sinceridade dos intelectuais que são objeto das crônicas dos jornalistas.
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Respostas
Resposta:
Letra B
Explicação:
Nas entrevistas em outros órgãos da mídia, os desafetos ideológicos de Nelson Rodrigues dissimulam os interesses escusos, afetando intenções humanitárias. Essa hipocrisia dos inimigos ideológicos contemporâneos, segundo Nelson Rodrigues, fez com que o cronista imaginasse entrevistas num terreno baldio, à meia-noite, na presença de uma cabra vadia. Só assim, viria à tona a verdade do pensamento dessas figura públicas.
A resposta é: b) a impostura dos contemporâneos que são objeto dos comentários do cronista.
É possível perceber nessa crônica, que as entrevistas em outros órgãos da mídia, se representava como os desafetos ideológicos de Nelson Rodrigues, os quais dissimulam os interesses escusos, dessa forma afetando intenções humanitárias.
De acordo com Nelson Rodrigues, tal sensação de hipocrisia dos inimigos ideológicos que conviviam com ele àquela época, foi a principal motivação pela qual o cronista tivesse imaginação acerca das entrevistas num terreno baldio, à meia-noite, na presença de uma cabra vadia.
Com isso, viria à tona o real pensamento de tais figura públicas.