O brasileiro João Guimarães Rosa e o irlandês James Joyce são autores reverenciados pela inventividade de sua linguagem literária, em que abundam neologismos. Muitas vezes, por essa razão, Guimarães Rosa e Joyce são citados como exemplos de autores "praticamente intraduzíveis". Mesmo sem ter lido os autores, é possível identificar alguns dos seus neologismos, pois são baseados em processos de formação de palavras comuns ao português e ao inglês. Entre os recursos comuns aos neologismos de Guimarães Rosa e de James Joyce, estão: i. Onomatopeia (formação de uma palavra a partir de uma reprodução aproximada de um som natural, utilizando-se os recursos da língua); e ii. Derivação (formação de novas palavras pelo acréscimo de prefixos ou sufixos a palavras já existentes na língua). Os neologismos que aparecem nas opções abaixo foram extraídos de obras de Guimarães Rosa (GR) e James Joyce (JJ). Assinale a opção em que os processos (i) e (ii) estão presentes: a) Quinculinculim (GR, No Urubuquaquá, no Pinhém) e tattarrattat (JJ, Ulisses). b) Transtrazer (GR, Grande sertão: veredas) e monoideal (JJ, Ulisses). c) Rtststr (JJ, Ulisses) e quinculinculim (GR, No Urubuquaquá, no Pinhém). d) Tattarrattat (JJ, Ulisses) e inesquecer-se (GR, Ave, Palavra).
#UNICAMP
Respostas
A resposta é:
d) Tattarrattat (JJ, Ulisses) e inesquecer-se (GR, Ave, Palavra).
Quando consideramos o neologismo "Tattarrattat" compreendemos que ele advém de uma tentativa de emitir, pelos fonemas da língua, sons do mundo natural o que configura como sendo uma onomotopeia.
Observe que em Ulisses, o neologismo foi utilizado para designar o barulho de alguém batendo em uma porta.
Por outro lado, quando observamos o neologismo "inesquecer-se" fica claro que a sua formação foi por meio da prefixação, a partir da base "esquecer-se", sendo que o prefixo em questão (in-) indica a negação de algo.
Resposta:
D) “Tattarrattat” (JJ, Ulisses) e “inesquecer-se” (GR, Ave, Palavra).
Explicação:
A onomatopeia consiste em uma tentativa de reproduzir um som com as palavras, o que pode ser visto no termo “tattarrattat”, que aparentemente não tem um significado senão ligado ao som que representa. Já na palavra “inesquecer-se”, temos a adição de prefixo (in) a um radical (esquecer), formando uma nova palavra.