Respostas
Resposta:
A pseudociência tem esse nome
porque tenta mimetizar uma
aparência de ciência, incluindo
uma linguagem mais complexa,
com afirmações veementes de
que os resultados são
“comprovados cientificamente”,
ou abalizados por “estudos
aprofundados Diariamente somos inundados por
inúmeras promessas de curas
milagrosas, métodos de leitura ul-
tra-rápidos, dietas infalíveis, riqueza sem-
esforço. Basta abrir o jornal, ver televisão,
escutar o rádio, ou simplesmente abrir a
caixa de correio eletrô-
nico. A grande maio-
ria desses milagres
cotidianos são vestidos
com alguma roupa-
gem científica: lingua-
gem um pouco mais
rebuscada, aparente comprovação experi-
mental, depoimentos de “renomados”
pesquisadores, utilização em grandes
universidades. São casos típicos do que se
costuma definir como “pseudociência”. A
definição de pseudociência é muito genérica,
e pode incluir, além dos poucos exemplos
citados, uma grande quantidade de
fenômenos paranormais, sobrenaturais,
extra-sensoriais, e qualquer conjunto de
procedimentos e “teorias” que tentem se dis-
farçar como ciência, sem realmente sê-la.
A discussão dos
limites entre ciência e
pseudociência certa-
mente inclui uma
questão mais profun-
da: o que é ciência?
Como defini-la? Esse é
um assunto complexo
e delicado, e impossí-
vel de tratar neste bre-
ve artigo. Entretanto,
é útil discutir porque devemos nos preo-
cupar com a pseudociência. Alguns dos
exemplos citados, e os respectivos perso-
nagens envolvidos, não passam de objetos
de ironia e diversão para uma camada da
população mais instruída. Aparentemen-
te, não podem causar mais impacto do
que simples arranhões à já aparentemente
consolidada imagem da ciência, que é ge-
ralmente vista como um pilar firme onde
a sociedade se apóia. Entretanto, vale
lembrar que inúmeras vezes a pseudo-
ciência é utilizada com má fé, destinada a
usurpar o dinheiro da população em geral
que ingenuamente acredita em evidências
casuais, rumores e anedotas. Esse fato se
torna ainda mais drástico quando essas
crenças atingem a
área da saúde, onde o
prejuízo financeiro
pode vir acompanha-
do de um irreparável
dano físico e/ou men-
tal.
Neste artigo será apresentada uma
breve tentativa de delimitação do que pode
ser considerado pseudociência, lembrando,
entretanto, que os limites geralmente são
extremamente tênues. Será dado um
exemplo de uma lenda urbana que, por
caminhos tortuosos, atingiu diretamente
um grande número de pessoas, com o
objetivo de ilustrar os potenciais “perigos”
da pseudociência. Serão discutidas algu-
mas possíveis ações que os educadores
podem realizar, sempre recordando que o
importante é estimu-
lar, antes de tudo, o
pensamento crítico e a
discussão. Finalmen-
te, será comentado
um documento que
tem gerado ampla po-
lêmica mundial, rela-
cionado com o cha-
mado nível de apti-
dão, ou alfabetismo,
científico e tecnológico.
Pseudociência: aspectos gerais
A própria definição de pseudociência
é uma questão complexa e delicada. Há
muitas características comuns que podem
ser utilizadas para tentar esboçar uma
demarcação. Como já dito, a pseudociência
tem esse nome porque tenta mimetizar
uma aparência de ciência, incluindo uma
linguagem mais complexa
O respeito do homem pelo conhecimento é uma das suas características mais peculiares. A palavra latina para conhecimento é scientia, e ciência tornou-se a designação da mais respeitável forma de conhecimento. Mas o que distingue o conhecimento da superstição, ideologia ou pseudociência? A Igreja Católica excomungou os copernicanos, o Partido Comunista perseguiu os mendelianos, com o fundamento de que as suas doutrinas eram pseudocientíficas. A demarcação entre ciência e pseudociência não é um mero problema de filosofia de salão: é de vital relevância social e política.