Conhecendo a escritora
Nesta etapa, abordaremos mais um pouco sobre a biografia de Carolina Maria de Jesus. Carolina Maria de Jesus nasceu em Sacramento – MG, em 1914. Permaneceu em sua cidade natal até
sua adolescência. Estudou em um colégio espírita com um programa que dava acesso às crianças das
comunidades próximas, facilitando seu contato com a leitura. Porém, como era pobre e precisava trabalhar,
estudou por apenas dois anos. Voltou a ter contato com a leitura em meados de 1947, já vivendo em São Paulo,
na favela de Canindé. Trabalhou como diarista, mas por pouco tempo. Passou a maior parte de sua vida catando
material reciclável para sobreviver.
Mesmo com uma vida miserável, Carolina nunca deixou de escrever, e assim era conhecida na favela
onde morava. Os moradores da comunidade a chamavam de escritora e tinham medo de falar algo que ela não
gostasse, pois sabiam que seus nomes estariam em seu diário. E foi a partir disso que sua vida teve uma
reviravolta. O jornalista Audálio Dantas percebeu o potencial literário dos diários, e o livro “Quarto de Despejo –
Diário de uma favelada” foi o maior sucesso nos anos 1960. Sendo traduzido em quatorze línguas e tornando-se
um dos livros brasileiros mais reconhecidos no exterior.
A escritora tinha um olhar muito crítico sobre qualquer assunto, principalmente no que se referia à política.
Em seu segundo livro, “Casa de Alvenaria”, relatou o outro lado da moeda, a vida com a “fama”, e não obteve o
mesmo reconhecimento de sua primeira obra. Com esse fracasso no segundo livro, Carolina voltou à miséria e
ao cotidiano de catadora de materiais recicláveis. Ela morreu com 62 anos, em 13 de fevereiro de 1977, em seu
sítio, localizado na zona sul de São Paulo.
Nessa etapa faremos a leitura de um trecho do livro Quarto de despejo: Diário de uma favelada.
30 de maio de 1958
“…Troquei a Vera e saímos. Ia pensando: Será que Deus vai ter pena de mim? Será que eu arranjo dinheiro hoje?
Será que Deus sabe que existe as favelas e que os favelados passam fome?
… O José Carlos chegou com uma sacola de biscoitos que catou no lixo. Quando eu vejo eles comendo as coisas
do lixo penso: E se tiver veneno? É que as crianças não suporta a fome. Os biscoitos estavam gostosos. Eu comi
pensando naquele provérbio: quem entra na dança deve dançar. E como eu também tenho fome, devo comer.
Chegaram novas pessoas para a favela. Estão esfarrapadas, andar curvado e os olhos fitos no solo como se
pensassem na sua desdita por residir num lugar sem atração. Um lugar que não se pode plantar uma flor para
aspirar o seu perfume, para ouvir os zumbido das abelhas ou o colibri acariciando-a com seu frágil biquinho. O
unico perfume que exala na favela é a lama podre, os excrementos e a pinga. ”
03. Pensar os aspectos éticos e morais nesse contexto – reflexão sobre a fome, a necessidade de moradia
e o belo. Elabore um parágrafo
Respostas
03. Pensar os aspectos éticos e morais nesse contexto – reflexão sobre a fome, a necessidade de moradia
e o belo. Elabore um parágrafo
Os diários são um registro da sua memória de vida e servem também , para expor a RAIVA que sente daquele seu modo de vida marginalizado .
Ela faz reflexão sobre a FOME , e da necessidade de ter onde morar , pois os papéis colhidos nas ruas são sua fonte de sobrevivência e, mais tarde, a matéria-prima para a escrita dos seus diários.
Fala do BELO por meio da confissão da sua dimensão social ,ela é pobre vive num lixão ,mas tenta cuidar dos filhos
do melhor modo possível .
...(...)9 de MAIO. Eu cato papel, mas não gosto. Então eu
penso: Faz de conta que estou sonhando...(...)
...(...) 11 de MAIO. Dia das mães. O céu está azul e branco.
Parece que até a natureza quer homenagear as mães
que atualmente se sentem infeliz por não realizar os
desejos de seus filhos...(...)